CAMPANHA "O PREÇO DA LUZ É UM ROUBO!" - DE ONDE VEM?

Entre os dias 12 e 16 de Outubro, a Assembléia Popular e a Via Campesina (movimentos sociais do campo), nos mobilizamos em todo o país para denunciar os altos preços dos alimentos e da energia. Para isso, foi organizado a 2ª Jornada Nacional de Lutas pela Soberania Alimentar e Energética. Essa Jornada foi realizada porque o povo está sentido que os preços dos alimentos (feijão, leite, carne...) têm subido cada vez mais, e muitas vezes não se sabe o verdadeiro motivo desses aumentos. As empresas estrangeiras estão comprando muita terra no Brasil, para plantar apenas cana-de-açúcar, soja, abacaxi e eucalipto para exportação, deixando pouca terra para que os pequenos agricultores e agricultoras plantem comida de verdade, e é por isso que existe a fome.

Mas além das terras, as empresas estrangeiras estão se apropriando da nossa água e de nossa energia. Aqui na Paraíba, a Saelpa, foi privatizada, ou seja, foi vendida para uma empresa privada chamada “Energisa”. Depois que isso aconteceu o preço da luz não parou de subir. Foi dito nas contas de energia que teríamos uma surpresa no final do mês, e o que veio foi só o nome “Energisa” e um aumento de 15,77 %! Que surpresa!

Mas existe a Tarifa Social, que é um benefício que nós, o povo, temos direito. Basta ser consumidor de 80 até 220 kW mensais, ir à Agência de Energia com xerox de RG e CPF, mais uma Auto-declaração, e a empresa deve descontar entre 10% a 60% na conta de luz. Mas, para que possamos conhecer e garantir nossos direitos, precisamos nos organizar e ir para a luta, por isso a Assembléia Popular convocou um grande Ato Público pela Soberania Alimentar e Energética.

Aqui em Santa Rita, no Conjuntos Nova Esperança, Tibiri I e Jaqueira, aconteceu o Trabalho de Base, com militantes da Via Campesina, Assembléia Popular, Comunidade Popular e CEBs Nossa Senhora da Conceição, Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora Aparecida. Os/as militantes visitaram todas as casas, porta a porta, em mais de 15 ruas, em apenas dois dias. Todo esse esforço de explicar a população, que um dia antes já havia recebido suas contas de energia altíssimas, foi refletido na realização de uma Assembléia Popular na tarde do dia 15 de Outubro com a participação de 70 (setenta) pessoas, onde foi explicado e debatido, através de vídeos, documentos e falas sobre essa luta. A divulgação também ocorreu em reuniões, encontros e celebrações durante a semana, e panfletagem e colagem de cartazes: “O Preço da Luz é um Roubo!”.

No dia 16/10, o povo que participou da conscientização no Alto das Populares, se juntou na Praça do Ginásio, e partiu num ônibus com cerca de 90 (noventa) pessoas, rumo a João Pessoa e junto com mais de 1000 (mil) pessoas nas ruas, empunhando bandeiras, contas de energia, candeeiros e velas, mostraram a força e a organização popular. O povo deu seu recado: “Água e Energia: Não são Mercadoria!”

Um mês depois, em Novembro, esperávamos que a Energisa cumprisse a lei, garantindo o desconto nas contas de energia. Mas como a perversidade e a sede de lucro é tão grande, a Energisa, ao invés de garantir o desconto, enviou num envelope bastante bonito, uma carta e uma auto-declaração diferente. Então, novamente o povo se reuniu em Assembléia Popular, juntou os documentos e realizou no dia 20/11, mobilização em Campina Grande, João Pessoa, Santa Rita e Solânea, ao mesmo tempo, para exigir o cumprimento da Tarifa Social

Em Santa Rita, o Ato foi organizando na Praça do Ginásio, com bandeiras, cartazes, estandarte do Grito dos/as Excluídos/as, batucada e maracás. Éramos 40 (quarenta) pessoas, dos Conjuntos Nova Esperança, Jaqueira e Santa Cruz, em marcha, numa única fileira, gritando palavras de ordem, agitando, cantando, dançando, e distribuindo panfletos. O povo estava bastante animado e várias vezes, por onde passamos, muitas pessoas apoiavam, batiam palmas, e prestavam bastante atenção na marcha, nas palavras de ordem, nas músicas. Percorremos um percurso extenso, mas a luta sempre vale à pena.

Quando chegamos a Energisa, todas as 60 (sessenta) pessoas, ficamos na calçada, gritando as palavras de ordem e cantando músicas, enquanto uma Comissão tentava entregar os documentos, mas o funcionário recusou-se a receber. Por fim, foi feito um Protocolo Geral, dado como recebido 143 (cento e quarenta e três) Auto-declarações.

A Energisa continua desrespeitando o povo, mas a luta contra os altos preços da energia elétrica continua! Pois dentro de nós temos a certeza de que: “Só a luta faz valer!”.

Texto: Elson Matias e Rafaela Carneiro – Fotos: Sávia Cássia.

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