Assentados/as ocupam sede do INTERPA em João Pessoa/PB

Cerca de 36 famílias que vivem no sítio Tambaba, no município do Conde, ocuparam a sede do Instituto de Terras e Planejamento Agrícola da Paraíba (Interpa-PB), em João Pessoa, no início da tarde do dia 09/09 (quarta-feira). A manifestação envolveu mais de 200 trabalhadores organizados pela associação de trabalhadores rurais do Sítio Tambaba.

Os trabalhadores chegaram ao Interpa-PB por volta das 13h. Segundo o presidente da associação, Edmilson Nascimento Sabino, foi a quinta vez, em cinco anos, que as famílias ocuparam a sede do instituto. “Há mais de dois anos que estamos batalhando com cinco propostas. O presidente do Interpa já nos recebeu outras vezes, mas nenhuma de nossas reclamações foi atendida até agora”, disse.

Na pauta de reivindicações, os manifestantes pediam a expedição dos títulos da Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) de terra do assentamento em Tambaba; a instalação de um poço artesiano no local; a reforma das 26 casas, construção de outras 9 e ampliação de uma; além da construção de 38 cisternas e sinalização adequada para o trecho da rodovia PB-008, nas proximidades do sítio.

O diálogo com o presidente da Interpa só aconteceu por volta das 17h30. Álvaro Dantas informou que as reividicações não eram muitas. “Os títulos que as famílias cobram não dependem de nós, e sim da Justiça. As cisternas entrarão no nosso plano de trabalho, mas só para janeiro. Já a construção dos poços pode acontecer ainda dentro de 30 dias”, concluiu.

Setor de comunicação da CPT PE, com informações do Jornal da Paraíba.


Fonte: www.cptpe.org.br

"Quem são vocês? O povo unido outra vez!" – 8º Grito dos/as Excluídos/as em Santa Rita/PB

Na tarde desta segunda-feira (07 de setembro), pela 15ª vez em nível nacional, ecoou por todos os recantos deste nosso Brasil o “Grito dos Excluídos e Excluídas”. Em Santa Rita/PB, pelo 8º ano consecutivo, as comunidades, movimentos e organizações sociais e populares foram às ruas reunindo centenas de pessoas em Marcha Popular. Esse ano, os/as participantes refletiram o lema: “Vida em Primeiro Lugar – A Força da Transformação está na Organização Popular”, enfatizado a partir de 4 blocos na Marcha: 1) Crise e Trabalho; 2) Terra e Moradia; 3) Justiça e Direitos Humanos; 4) Ecologia e Saúde.

Na mística de abertura, foi refletida a realidade de sofrimento e exclusão que vive o povo brasileiro, onde adolescentes vestidos de preto caiam sobre um mapa do Brasil, coberto por jornais, e traziam cartazes com os males: Violência, Corrupção, Poluição ao Ambiente, Exploração da Vida Humana, Trabalho Escravo, Desemprego. Foi lido o poema "E agora José?", de Drummond, e cantou-se a música "Coração Civil", de Milton Nascimento, enquanto os/as adolescentes, em pé, rasgavam os jornais que cobriam o mapa, mostrando o lema do Grito de 2009. O 8º Grito dos/as Excluídos/as de Santa Rita-PB foi declarado aberto após os/as adolescentes distribuírem fitas coloridas, amarrando-as umas nas outras, formando uma corrente com todos/as os/as participantes,e após cantou-se o Hino Nacional Brasileiro, e a palavra de ordem: “Pátria Livre! Venceremos!”.

A Marcha Popular do Grito dos/as Excluídos/as prosseguiu num percurso diferente dos outros anos, percorrendo ruas dos bairros Alto das Populares, Santa Cruz e Centro. Nas paradas além de serem apresentadas denúncias, também os grupos anunciaram os sinais de esperança e luta no meio do povo, como: o trabalho do Centro Dom Oscar Romero, na luta pelos Direitos Humanos; o Grupo Viver e Vencer, na luta das mulheres; a Comunidade Popular, na luta pela moradia; o CECIF/CEFEC, na luta das crianças, adolescentes e jovens; o SINTICAL, na luta dos/as trabalhadores/as; a Cooperativa dos Catadores/as, na luta pela ecologia; a Assembleia Popular, na luta contra os altos preços da energia elétrica. Enfim, denúncia e anúncio misturados num mesmo grito pela Vida em primeiro lugar!

Durante todo o percurso, foram cantadas músicas da luta do povo, como também palavras de ordem e paródias, enfatizando a questão da Organização Popular, denunciando a crise e suas consequências para os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. Dentre elas, o toré indígena "Pisa ligeiro, pisa ligeiro, que não pode com a formiga não assanha o formigueiro".

A Marcha Popular do 8º Grito dos/as Excluídos/as foi encerrada na praça principal da cidade, onde os/as participantes dançaram, cantaram, festejaram e se abraçaram, ao som de músicas que anima nossas consciência e nossa mística.

O Grito dos/as Excluídos/as não acabou no dia 07 de setembro. A marcha prossegue, em Assembleia Popular, na esperança das lutas da Classe Trabalhadora, do Povo Brasileiro, engrossando o Mutirão por um Projeto Popular para o Brasil.


Texto: Elson Matias
Fotos: Danielson Soares

Grito dos/as Excluídos/as sai fortalecido em 2009

O Grito dos/as Excluídos/as, atividade organizada há 15 anos por várias pastorais sociais, organizações e movimentos sociais, acontece desde o início desta manhã (7/9) em 25 estados e no Distrito Federal. Neste ano, a manifestação tem como lema “Vida em primeiro lugar: a força da transformação está na organização popular”. Segundo o arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, o Grito dos Excluídos fortalece a participação do povo para a concretização de uma verdadeira democracia.

Uma das coordenadoras do Grito, Rosilene Wansetto, também falou neste sentido. Ela avalia que neste ano as atividades conclamaram a população para a organização popular em torno das necessidades dos trabalhadores e trabalhadoras. “Neste momento em que vivemos uma grande crise, com desemprego e diminuição dos salários, cada vez mais é necessário que o povo vá às ruas para reivindicar suas demandas e a ampliação dos direitos sociais”, afirmou ela.

*Em Manaus (AM), no coração da Amazônia, cerca de 4 mil manifestantes realizaram o Grito dos Excluídos sob um sol de 40 graus e discutiram temas como o problema da privatização da água, do abastecimento, do transporte coletivo e da saúde pública. Além disso, os manifestantes criticam a criação do Porto das Lages, uma obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a ser realizada na união dos rios Negro e Solimões. Segundo as lideranças está acontecendo uma série de ameaças e a criminalização de quem se manifesta contra a construção do porto.

*Em Belém (PA), cerca de 2500 pessoas se manifestaram no bairro Terra Firme, um dos pioneiros na realização do Pré-Grito. Lá eles debateram sobre a pedofilia, a violência no estado e os encarcerados.

*Em Goiânia (GO), o Grito discutiu principalmente sobre as dificuldades e a negligências do sistema prisional entre outros temas que foram trabalhados durante a caminhada no centro da cidade.

*Em Minas Gerais, as atividades aconteceram em pelo menos 21 cidades. Em Montes Claros, o Grito foi realizado por cerca de 2 mil pessoas de organizações que compõe a Assembléia Popular. Lá existe o Palanque do Eleitor, no espaço os manifestantes criticaram a postura do prefeito, conhecido como o prefeito das lonas pretas, por não adotar uma política de habitação, fornecendo apenas lonas pretas para as famílias. Na cidade, também foram pautados os problemas com o transporte coletivo. “Existe uma ação no Ministério Público que considera inconstitucional o valor cobrado na tarifa”, afirmou Sônia Gomes, da coordenação. Além disso, o Grito também debateu a reivindicação que pede uma política aos catadores de material reciclado. Eles foram ameaçados pelo prefeito local de não poderem mais coletar. Os organizadores afirmaram também que tanto o prefeito quanto a guarda municipal foram truculentos e tentaram impedir a manifestação da população.

*Em Cuiabá (MT), centenas de manifestantes marcharam logo atrás do desfile oficial de 7 de setembro. Eles requereram os direitos e a preservação ambiental neste estado que é um dos mais desmatados pelo agronegócio. Além disso, criticaram os conflitos agrários e o trabalho escravo. “Só neste ano, três trabalhadores e uma indígena foram mortos no estado e 200 trabalhadores foram resgatados do trabalho escravo, não podemos mais aceitar isso”, afirmou Inácio Werner, da coordenação do Grito. Quanto a isso, no Grito foi lançado o Fórum dos Defensores dos Direitos Humanos do Mato Grosso.

*Em Aracaju (SE), mais de 20 mil manifestantes dos movimentos sociais, pastorais e da Cáritas marcharam o percurso de 1 quilômetro por qualidade de vida. O Bispo auxiliar da arquidiocese, dom Henrique Costa, marchou com os manifestantes.

*No Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, interior de São Paulo, 80 mil romeiros participaram do Grito dos Excluídos e da 22ª Romaria do Trabalhador. Os participantes deram um cartão vermelho à violência sofrida pelas mulheres, jovens e crianças. O cartão vermelho também foi dado ao Golpe de Estado em Honduras e disseram basta à corrupção e a impunidade e à criminalização dos movimentos sociais e às suas lideranças. O ato em Aparecida se encerrou no final desta manhã com uma missa na basílica. O Arcebispo Dom Raymundo Damasceno pediu mais participação da população para a concretização de uma verdadeira democracia.

*Em Brasília (DF), centenas de manifestantes realizaram o Grito dos Excluídos em paralelo ao desfile oficial na Esplanada dos Ministérios, do qual participaram 17 organizações e movimentos sociais. Eles organizaram o Tribunal Popular e o segundo julgamento do Governo Arruda, que tem feito gastos vultuosos com propaganda. “Queremos que este dinheiro seja investido na construção de moradias para o povo. Nesse julgamento, pela segunda vez foi dado o Impeachment do governador Arruda”, afirmou Thiago Ávila, coordenador do ato.

*Em São Paulo (SP), cerca de 6 mil pessoas participaram nesta manhã das atividades do Grito dos Excluídos, que incluiu uma missa na catedral Sé. De lá os participantes caminharam para o Monumento do Ipiranga, durante o trajeto, foram trabalhados temas como emprego, salário, moradia, terra e direitos sociais. Eles também protestam contra a criminalização dos movimentos sociais. “Somos contra o processo de criminalização que os movimentos sociais e as lideranças estão sofrendo no país. Quem luta pelo direito dos trabalhadores não pode ser criminalizado pelas ações que realiza”, afirmou um dos coordenadores do ato.

*Em Vitória, no Espírito Santo, cerca de 6 mil pessoas fizeram uma lavagem simbólica das escadarias do Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas e da Assembléia Legislativa. No estado, os eixos de debate da manifestação foram a crise que assola os trabalhadores, a política econômica e o desenvolvimento sustentável.

*No Ceará, o Grito dos Excluídos foi realizado em pelo menos 16 municípios. Em Fortaleza, cerca de 5 mil pessoas protestaram contra os altos preços da energia elétrica, eles também pediram a reestatização da Coelce, a distribuidora de energia elétrica do estado, e a aplicação da Tarifa Social de energia para as famílias que consomem até 140 kwh/mês, o limite máximo estadual para enquadrarem- se na lei da Tarifa Social.

Como balanço deste ano, o coordenador nacional do Grito dos Excluídos, Ari Alberti, avaliou que a manifestação nos estados revelou mais uma vez que a crítica à falta de ética na política é um dos pontos muito abordados. Além disso, segundo ele, neste ano, a criminalização das lideranças e dos movimentos sociais foi um dos pontos de forte denúncia nas mobilizações. “Este é um espaço propício para a população se manifestar em defesa dos que lutam pela melhoria das condições de vida das pessoas. Há 15 anos estamos nas ruas manifestando nossa posição em favor da vida”, finalizou.


Fonte: Secretaria Nacional do Grito dos/as Excluídos/as
Contato: (11) 2272-0627