Solidariedade ao Haiti

Ainda continuamos surpresos e abalados com a violência da tragédia que se abateu sobre o Haiti. O terremoto foi devastador. Só aos poucos será possível contabilizar as vítimas, e avaliar os estragos causados.

Tanto mais urgente se apresenta agora o desafio da solidariedade, para um país que já vivia em condições de extrema precariedade. O apelo precisa ser respondido sobretudo pelo Brasil, em vista de duas vinculações especiais que neste episódio ligam nosso país com o Haiti.

A primeira delas é a presença do contingente do Exército Brasileiro, no comando da Força de Estabilização das Nações Unidas a serviço da manutenção da ordem no Haiti, desde 2005. A segunda é o falecimento da Dra. Zilda Arns, que estava no Haiti em missão de ajuda humanitária, e que acabou morrendo vitimada pelo terremoto.

Este fato envolve todo o episódio com motivações impregnadas de valores humanos e sentimentos cristãos. A própria tragédia, surpreendendo a todos, acabou dignificando o testemunho de uma pessoa que dedicou toda a sua existência a serviço da vida humana, sobretudo dos mais frágeis, de que o povo haitiano é um exemplo singular.

Mártir é aquele que morre dando testemunho de sua fé. A Dra. Zilda não podia concluir de maneia mais clara o seu testemunho de caridade, do que morrendo no cumprimento de uma missão que ela abraçou com extrema tenacidade e competência, ao longo de toda a sua vida.

Com a Dra. Zilda faleceram, ao lado dela, outros quatro soldados brasileiros, integrantes do nosso Exército. Eles também se tornaram heróis, que testemunham o caráter humanitário e a postura de dignidade e de respeito que caracterizou a presença da Tropa Brasileira no Haiti, como as autoridades e o povo daquele país souberam muito bem reconhecer e valorizar.

Há dois anos, a Cáritas realizou sua assembléia no Haiti, como expressão da solidariedade de todos os países latino americanos para com o país mais pobre do continente. Parecia uma premonição da solidariedade efetiva que agora somos chamados a exercer com urgência, para socorrer as vítimas e recompor as condições mínimas de sobrevivência do povo haitiano.

A Cáritas Brasileira já se coloca a campo, para promover uma campanha nacional, fazendo apelo a todas as comunidades, para que sejam generosas em socorrer agora nossos irmãos que passam por situação tão difícil.

Mas a situação do Haiti interpela o mundo inteiro. Este país, de diversas maneiras, sentiu o peso das adversidades produzidas pelo sistema econômico e financeiro mundial. Uma medida sensata e justa seria agora o perdão imediato de toda a dívida externa do Haiti, que corresponde a 30% do seu pobre orçamento.

A responsabilidade que a comunidade mundial conferiu ao Brasil, confiando-lhe o comando da Força de Estabilização, confere agora ao nosso país a autoridade para propor e reivindicar tal medida, como gesto mínimo de solidariedade internacional.

Pensando na Dra. Zilda, nos quatro soldados brasileiros, no arcebispo da capital que também morreu sob os escombros da sua igreja, e nas milhares de vítimas anônimas deste pobre e querido país, sentimos a dor cortando nosso coração.

Que ela se traduza na participação efetiva na campanha que agora é lançada, e nas reflexões que toda tragédia humana nos leva a fazer. Também para nos perguntarmos por que o Haiti, o primeiro país a conseguir no passado sua independência, no presente se encontra em situação tão precária e tão injusta.

*Dom Demétrio Valentini (Presidente da Cáritas Brasileira e Bispo de Jales)

Fonte: www.caritas.org.br

Nota da CNBB em solidariedade ao povo do Haiti

SOLIDARIEDADE AO POVO DO HAITI

“Esperando contra toda esperança” (Rm 4,18)

Em meio às desalentadoras notícias que chegam a cada momento, dando conta das trágicas consequências do terremoto que afligiu o Haiti, ceifando tantas vidas e colocando abaixo trabalhos e sonhos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se une à multidão de homens e mulheres que, nestas circunstâncias, têm “a ousadia de quem se atreve a esperar contra toda esperança”, para apresentar à Igreja e a todo povo do Haiti a solidariedade em orações, palavras e gestos.

Neste momento, são necessárias iniciativas que demonstrem solidariedade internacional, como, por exemplo, o perdão imediato de toda a dívida externa do Haiti, que corresponde a 30% do seu pobre orçamento, e ações humanitárias que amenizem a dor e reanimem a esperança do povo haitiano.

Movida por este sentimento de solidariedade, a CNBB e a Cáritas Brasileira lançam a Campanha SOS HAITI, em socorro à população atingida pelo terremoto.

Conclamamos todas as comunidades eclesiais, paróquias e dioceses a promoverem, no próximo domingo, dia 17, ou no dia 24 de janeiro, ou em outra data conveniente, orações e coletas em dinheiro para as vítimas do terremoto no Haiti. Assim, nos unimos à campanha mundial promovida pela Caritas Internationalis em resposta ao apelo do papa Bento XVI.

As doações poderão ser depositadas nas contas: Banco do Brasil - Agência: 3475-4 - Conta Corrente: 23.969-0; Caixa Econômica Federal - OP: 003 - Agência: 1041 - Conta Corrente: 1132-1; Banco Bradesco - Agência: 0606 - Conta Corrente: 70.000-2.

Que a graça de Deus fortaleça nosso compromisso de caridade fraterna, inspire nossa generosidade e anime quem está a serviço das vítimas no Haiti.


Brasília, 15 de janeiro de 2010

D. Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB

D. Demétrio Valentim
Bispo de Jales
Presidente da Cáritas Brasileira


Fonte: www.cnbb.org.br

Campanha de Solidariedade com o Povo Haitiano


*Materiais sobre a situação do Povo Haitiano:

-Relato da Missão Internacional de Investigação e Solidariedade ao Haiti: http://www.jubileubrasil.org.br/nao-a-guerra/Livro_Haiti_final.pdf

-Panfleto “Haiti nos convoca – 5 anos de ocupação basta!”: http://www.jubileubrasil.org.br/nao-a-guerra/folder%20haiti%202009%20versao%20xerox%20at.pdf

-Cartilha “Haiti: Sua história, seu povo e sua luta”: http://www.jubileubrasil.org.br/nao-a-guerra/Cartilha%20Haiti%20-%20set2009.pdf

Fotos após o terremoto no Haiti

Mesmo com poucos pontos de acesso a internet, fotos do impacto do terremoto no Haiti podem ser encontradas no Flickr e algumas agências de notícias. Fiz aqui abaixo uma seleção de usuários que estão atualizando desde antes de ontem. Estimativas do governo balançam entre 50 e 100 mil mortos. Ou seja, não existe ideia exata sobre quão grande é a tragédia. Sabe-se apenas que é gigante, a maior da história do Haiti.


Fonte: http://aloisiomilani.wordpress.com

Haiti e o "estado de sítio" permanente

Não foi só ontem, não é só hoje. O Haiti vive um “estado de sítio” constante. Quando não “treme” pela pobreza extrema – aqui entendida como desemprego epidêmico, fome crônica e a ausência de saúde e educação públicas -, é a vez das crises políticas e das tragédias naturais: tempestades tropicais, enchentes e furacões. Para dar um exemplo, quatro furacões deixaram cerca de mil mortos e 18 mil desabrigados em 2008. Corpos apodreciam na água das enchentes, não havia estrutura de socorro, o dinheiro e a ajuda humanitária chegavam lentamente. Há pouco, semanas atrás, acabou a temporada de furacões na América Central e, agora, o país se debate com um surpreendente terremoto de magnitude inédita nos últimos 200 anos.

Aliás, dois séculos atrás é aproximadamente o tempo histórico da vitória da única rebelião de escravos que levou à independência de uma nação desde a Antiguidade clássica. Um passado glorioso que vem sendo ofuscado por um presente de pobreza e crises. Desde a deposição do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, em 2004, a situação política oscilava entre momentos de paz, violência e fragilidade política. Mas a pobreza resistia. E a cada fenômeno natural, o espectro da destruição pairava sobre eles. A diferença é que desta vez, a tragédia une brasileiros e haitianos. Haverá mais confirmações de mortes entre os brasileiros capacetes azuis e diplomatas da ONU. A médica Zilda Arns teve ironicamente sua vida ligada ao país do continente americano com um dos piores índices de desnutrição e mortalidade infantil, onde queria implantar as bases da Pastoral da Criança.

O impacto do terremoto sobre o Haiti é brutal porque seu epicentro foi muito próximo de uma das regiões mais populosas, a capital Porto Príncipe. O país tem um território comparável ao de Alagoas, com cerca de 8 milhões de pessoas. Mais ou menos 3 ou 4 milhões vivem só na capital, em favelas de tijolos frágeis, de estruturas baratas, improvisadas. Na cidade, onde os ricos moram nos morros e os pobres na parte plana próxima ao mar, o impacto foi maior em bairros com construções de mais de um piso. A região do Palácio do Governo, vizinha da favela de Bel Air, foi destruída. A situação se repete em bairros mais horizontais, como Carrefour, Delmas e Cité Militaire. Na região de Cité Soleil, de barracos de zinco e tijolos finos, os danos não foram menores.

O distrito de Petion-Ville, no alto da cidade, onde ficam as sedes das embaixadas e organizações internacionais, sofreu grande impacto. Até o Hotel Montana foi atingido, um quatro estrelas versão haitiana, onde morreu o general brasileiro Urano Bacellar em 2006. Passarão semanas para as contagens dos mortos e desaparecidos. O Palácio do Governo, que desmoronou quase completamente, era um centro político e uma espécie de residência do presidente. No hall revestido de mármore sob a cúpula central do palácio, ficavam as estátuas de Simon Bolívar e Alexandre Petion. Frente a frente. A poucos metros da vista ampla da planície da praça. Esses símbolos foram completamente soterrados no terremoto.

Um país imóvel

Vale lembrar que, em novembro de 2008, uma pequena tragédia se abateu sobre o distrito de Petion Ville. Ali, sem temporal, sem vento, sem terremoto, a escola primária La Promésse desabou. Simplesmente veio abaixo pela precariedade de sua construção. Matou cerca de 100 crianças e feriu outras 150. O presidente haitiano, René Préval, disse na época que a fragilidade e a debilidade do Estado permitia a existência de construções precárias e ocupações ilegais, o que aumenta a possibilidade de vítimas. O Haiti tentava reestruturar seu Estado com a ajuda da quinta missão de paz da ONU nas últimas décadas. Mas ainda não havia um sistema de defesa civil estruturado, o que vai piorar a situação agora no socorro e atendimento a feridos. Quem não morreu diretamente pelo terremoto corre o risco de morrer por falta de estrutura de bombeiros ou atendimento médico.

Porto Príncipe já possuía uma infra-estrutura precária. Energia elétrica era luxo. Quem tinha convivia com apagões diários. A distribuição de água era feita, muitas vezes, por caminhões-pipa e fontes de água. Em bairros inteiros, a população se abastecia com baldes. Cité Soleil, a maior favela da cidade, era um exemplo. Agora, com o terremoto, a estrutura de abastecimento de água também sofreu. Num país que importava mais da metade da comida para manter as necessidades básicas da alimentação de seu povo, a água voltou a ser escassa. Todo o combustível do país também é importado. Dificilmente um plano de emergência, com o envio de maquinário pesado, conseguirá colocar em prática um mutirão de salvamento em grande escala para evitar mais mortes. O país está quase imóvel dois dias após o abalo principal.

A ajuda da ONU e a dívida externa

O número de mortos – ouve-se agora uma estimativa do governo haitiano de cerca de 50 mil – seria pelo menos cinco vezes maior do que o total de brasileiros enviados à missão de paz das Nações Unidas nos últimos seis anos. O terremoto deve aproximar mais Haiti e Brasil. Nos últimos tempos, nossos enlaces com o país caribenho aumentaram. Além dos capacetes azuis, ativistas, acadêmicos e religiosos procuravam estreitar relações com o povo. A estrutura da ONU no país sempre esteve longe de mudar o perfil da pobreza e das necessidades básicas para o país se reerguer: trabalho, saúde, educação. Iniciativas como a da médica Zilda Arns eram um pedido de entidades haitianas desde a chegada da ONU por lá, há seis anos. Envio de médicos, engenheiros agrônomos, professores, gestores públicos, entre outros. Tudo que vai faltar em dobro agora.

Do fim da vida de Zilda Arns no Haiti, cabe ainda um recado, acredito. A mudança no perfil da missão da ONU no Haiti é urgente mais uma vez. O estágio relacionado à segurança pública pode ter sido questionável, mas há tempos foi superado. Temos a oportunidade agora de ajudar com menos tropas militares e mais parcerias para a reconstrução e desenvolvimento do Haiti. A começar pelo perdão da dívida externa de cerca de 2 bilhões de dólares, uma porcentagem ínfima na comparação com os rios de dinheiro que os países ricos gastaram para socorrer o sistema financeiro internacional da gana de seus próprios especuladores.

Aloisio Milani é jornalista e assina um blog especializado em Haiti.


Fonte: www.brasildefato.com.br

Nota Pública sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos

O Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), rede que reúne cerca de 400 organizações de direitos humanos de todo o Brasil manifesta publicamente seu REPÚDIO à posição dos comandantes militares e do Ministro da Defesa e seu APOIO à posição do Ministro dos direitos humanos e da Justiça.

Para o MNDH, a luta pela memória e a verdade como direitos humanos é parte fundamental da luta pela consolidação da democracia e para que efetivamente o Brasil possa dizer um “basta!” e um “nunca mais” a todas as formas de ditadura e, acima de tudo identifique os responsáveis por crimes contra os direitos humanos e promova a reparação de pessoas que sofreram violações no período da ditadura.

Dessa forma, o MNDH entende que o Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH 3), ao estabelecer o tema do direito à memória e à verdade como um eixo no qual estão previstos vários objetivos e ações, alça o tema a uma prioridade da política pública de direitos humanos. Faz isso atendendo ao definido na 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, realizada em dezembro de 2008, que acolheu e aprovou este tema depois de ampla discussão em todo o país.

A reação dos setores militares e do Ministério da Defesa não são bem-vindas e contrastam com os compromisso constitucionais e internacionais com os direitos humanos assumidos pelo Brasil. O próprio Ministério da Defesa participou da elaboração o PNDH 3 que foi fruto de ampla negociação interna ao governo e com a sociedade civil organizada. Aliás, segundo informações publicadas pela imprensa, a proposta de criar um grupo de trabalho encarregado de definir as atribuições da Comissão da Verdade e elaborar proposta a ser enviada ao Congresso Nacional já representa uma pactuação diferente da definição da Conferência Nacional, que havia definido explicitamente pela criação da Comissão sem definir este procedimento. É inaceitável que, da penumbra do conservadorismo e do revanchismo anti-democrático, no apagar das luzes do ano, se esboce esta reação dos setores militares.

O MNDH rejeita qualquer proposta de revisão do texto ou mesmo as “explicações” de que o texto publicado não representa consenso. Entendemos que o consenso só faz sentido quando fundado na verdade e em argumentos razoáveis. Invocar falta de consenso frente a argumentos espúrios e anti-democráticos é não querer consensos e encontrar uma saída que só fortalece os setores do governo e da sociedade que insistem em querer uma democracia “pela metade”. Democracia exige posições que sejam sustentadas pela verdade e pela justiça, por isso, nem sempre consensuais. Cabe ao Presidente da Republica arbitrar a divergência com base nos compromissos com os direitos humanos e não na conveniência ou na pressão de setores, por mais fortes, mesmo que pouco representativos e pouco legitimados.

A sociedade brasileira está madura e quer uma democracia substantiva. Estabelecer a memória e a verdade sobre o período militar não é somente o reconhecimento da história, mas, acima de tudo, compromisso com um futuro no qual a impunidade não subsista como sombra e que a justiça efetivamente alcance aqueles que usaram de sua posição e prerrogativa pública para reprimir e violentar a sociedade e os agentes que resistiram à ditadura.

Assim, o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) cobra uma posição do governo brasileiro que seja coerente com os compromissos constitucionais com a justiça e a verdade e com os compromissos internacionais com a promoção e proteção dos direitos humanos. O momento é decisivo para que o país avance para uma institucionalidade democrática que efetivamente reconheça e torne os direitos humanos conteúdo substantivo da vida cotidiana de cada um/a dos/as brasileiros e brasileiras. Como organização da sociedade civil, o MNDH está atento e envidará todos os esforços para que as conquistas democráticas avancem sem qualquer passo atrás.

Brasília, 31 de dezembro de 2009.

Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH).

A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República esclarece alguns pontos do Programa Nacional dos Direitos Humanos 3

1.O PNDH-3 é mais um passo na construção histórica que visa concretizar a promoção dos Direitos Humanos no Brasil. Ele foi precedido pelo PNDH-I, que enfatizou os direitos civis e políticos, em 1996, e pelo PNDH-II, que incorporou os direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, em 2002. O Brasil ratificou a grande maioria dos tratados internacionais sobre Direitos Humanos e as ações propostas pelo PNDH-3 refletem este compromisso.

2.A transversalidade é uma premissa fundamental para a realização dos Direitos Humanos, concretizando os três princípios consagrados internacionalmente na Convenção de Viena para os Direitos Humanos (1993): universalidade, indivisibilidade e interdependência. Será impossível garantir a afirmação destes direitos se eles não forem incorporados às políticas públicas que visam promover a saúde, a educação, o desenvolvimento social, a agricultura, o meio ambiente, a segurança pública, e demais temas de responsabilidade do Estado brasileiro. Para atender a este objetivo, o PNDH-3 é assinado por 31 ministérios.

3.A política de Direitos Humanos deve ser uma política de Estado, que respeite o pacto federativo e as competências dos diferentes Poderes da República. Por sua vez, a interação entre todas estas esferas garante a plena garantia dos Direitos Humanos no país.

4.A ampliação da gama de direitos contemplados segue o que vem sendo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), tratados e convenções internacionais, bem como na Constituição federal para garantir os princípios fundamentais de dignidade da pessoa humana. Segue ainda as crescentes demandas da sociedade civil organizada.

5.A participação social na elaboração do programa se deu por meio de conferências, realizadas em todos os estados do país durante o ano de 2008, envolvendo diretamente mais de 14 mil pessoas, além de consulta pública. A versão preliminar do Programa ficou disponível no site da SEDH durante o ano de 2009, aberto a críticas e sugestões.

6.O texto incorporou também propostas aprovadas em cerca de 50 conferências nacionais realizadas desde 2003 sobre tema como igualdade racial, direitos da mulher, segurança alimentar, cidades, meio ambiente, saúde, educação, juventude, cultura etc.

7.O PNDH-3 está estruturado em seis eixos orientadores, subdivididos em 25 diretrizes, 82 objetivos estratégicos e 521 ações programáticas, que incorporam ou refletem os 7 eixos, 36 diretrizes e 700 resoluções aprovadas na 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, realizada em Brasília entre 15 e 18 de dezembro de 2008.

8.O Programa tem como um de seus objetivos estratégicos o acesso à Justiça no campo e na cidade e a mediação pacífica de conflitos agrários e urbanos, como preconiza a Constituição Federal. Esta ação está prevista no Manual de Diretrizes Nacionais para o Cumprimento de Mandados Judiciais de Manutenção e Reintegração de Posse Coletiva, editado pela Ouvidoria Agrária Nacional em abril de 2008.

9.O PNDH-3 tem como diretriz a garantia da igualdade na diversidade, com respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia da laicidade do Estado brasileiro, prevista na Constituição Federal. A ação que propõe a criação de mecanismos que impeçam a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União visa atender a esta diretriz.

10.O eixo Desenvolvimento e Direitos Humanos, na diretriz 5, prevê a valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento. Neste eixo, a afirmação dos princípios da dignidade humana e da equidade como fundamentos do processo de desenvolvimento nacional constitui um objetivo estratégico. A proposta de regulamentação da taxação do imposto sobre grandes fortunas é prevista na Constituição Federal (Art. 153, VII).

11.O acesso universal a um sistema de saúde de qualidade é um direito humano. Com o objetivo de ampliar este acesso, o PNDH-3 propõe a reformulação do marco regulatório dos planos de saúde, de modo a diminuir os custos para a pessoa idosa e fortalecer o pacto intergeracional, estimulando a adoção de medidas de capitalização para gastos futuros pelos planos de saúde.

12.O PNDH-3 contempla a garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos, como uma de suas diretrizes. Neste contexto, em consonância com os artigos 220 e 221 do texto constitucional, propõe a criação de um marco legal, estabelecendo o respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão e a elaboração de critérios de acompanhamento editorial a fim de criar um ranking nacional de veículos de comunicação comprometidos com os princípios dos Direitos Humanos.

13.Quanto aos direitos dos povos indígenas, o processo de revisão do Estatuto do Índio já está em curso desde o segundo semestre de 2008, tendo à frente a coordenação do Ministério da Justiça. Ao apoiar projetos de lei que visam revisar o Estatuto do Índio (1973) o PNDH-3 defende que é preciso adequar a legislação ainda em vigor com os princípios da Constituição, que foi promulgada 15 anos depois daquela lei, e da Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), consagrando novos princípios para o tema.

14.Ao apoiar projeto de lei que dispõe sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo e ao prever ações voltadas à garantia do direito de adoção por casais homoafetivos, o PNDH-3 tem como premissa o artigo 5º da Constituição (Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...). Considera ainda as resoluções da 1ª Conferência Nacional LGBT, realizada em junho de 2008, marco histórico no tema. O programa também está em consonância com tendência recente da própria jurisprudência, que vem reconhecendo o direito de adoção por casais homoparentais.

15.Em consonância com as políticas que vêm sendo desenvolvidas pelo Ministério da Justiça, o PNDH-3 avança no tema da segurança pública ao recomendar a alteração da política de execução penal e do papel das polícias militares, bem como dos requisitos para a decretação de prisões preventivas.

16.O PNDH-3 reconhece a importância da memória histórica como fundamental para a construção da identidade social e cultural de um povo. No eixo direito à memória e à verdade prevê a criação de um grupo de trabalho interministerial para elaborar um projeto de lei com o objetivo de instituir a Comissão Nacional da Verdade, nos termos da Lei 6.683/79 – Lei da Anistia.

Eclesiástico 13, 23*

“Escutem bem, chefes de Jacó, governantes da casa de Israel. Por acaso, não é obrigação de vocês conhecer o direito? Inimigos do bem e amantes do mal, vocês esfolam o povo e descarnam os seus ossos; vocês são gente que devora a carne do meu povo e o esfola; quebra seus ossos e os faz em pedaços, como carne na panela, como um cozido no caldeirão. Depois vocês gritarão a Javé, mas ele não responderá. Nesse tempo, ele esconderá a sua face, por causa da maldade que vocês praticaram.” (Miquéias 3,1-4)

Sempre guardei comigo a certeza de que determinadas coisas eram muito próprias senão de todos, mas de absoluta maioria dos seres humanos.
O amor de mãe, o choro de dor, o sorriso na alegria, o não considerar-se em falta de bom senso... Jesus até nos fala um pouco sobre isso:

Mateus 7, 9: Por acaso algum de vocês, que é pai, será capaz de dar uma pedra ao seu filho, quando ele pede pão?
Mateus 7, 10: Ou lhe dará uma cobra, quando ele pede um peixe?
Mateus 7, 11: Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai de vocês, que está no céu, dará coisas boas aos que lhe pedirem!

Assim o é. Até mesmo nós, maus, com coisas boas aos nossos filhos.

Sempre achei que isso também funcionava quando o assunto pendia pro lado dos direitos humanos, afinal de contas, quem em são juízo iria meter o pau nos direitos humanos e ainda pretendia após isso, permanecer no poder?
Os seres humanos necessitam de um lugar pra morar - a esquerda concorda e a direita também.
Os seres humanos necessitam comer - a esquerda concorda e a direita também.
Os seres humanos necessitam de saúde, educação, lazer, cultura em geral, esporte, meio ambiente saudável, ... - a esquerda concorda e a direita também.

Isso sim é democracia. Todos pelo desenvolvimento sustentável do Brasil.
Mas esse ano o carnaval terminou mais cedo. Antes de começar janeiro... e os eternos foliões do bloco do poder já tiraram suas fantasias.
Tudo porque saiu-se da democracia do que todos achavam e concordavam, e passou-se a procurar uma maneira de fazer acontecer para a pipoca o que ela sempre necessitou e nunca teve.

Aí não. Vem os DEMocratas e falam de golpe branco. Vem os Militares e pedem demissão, pra ninguém mexer no que está quieto.

Vem a imprensa, que de totalmente parcial não permite que pessoas comuns como eu ou você tenhamos voz para mudar as coisas nesse país, censurando a minha e a sua liberdade de expressão.
http://www.adusp.org.br/revista/42/r42a01.pdf

Aí vem o Agronegócio e katia Abreu e a bancada ruralista no governo dizer que é preconceito com o agronegócio, coitadinho, que de tão democrata quase não tem onde morar e plantar, como grande massa de sem tetos e sem terras do nosso país.

Pois é. A direita pintou a cara, tah mostrando a face, e metendo o pau nessa história de direitos humanos, que é coisa pra pobre, preto e preso, e que pode gerar uma "insegurança jurídica", ou seja, falta de garantias legais para que eles continuem com suas riquezas e poder; Falta de institutos repressores para a manutenção do statu quo.

Pra quem não está acompanhando vamos a mais links. Vídeos e um textinho.

1. Começando com o quadro do Arnaldo Jabor de ontem a noite, 08.01.2010, que eu realmente não acreditei que ele disse isso mesmo:

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1187871-7823-ARNALDO+JABOR+FALA+SOBRE+O+NOVO+PROGRAMA+DE+DIREITOS+HUMANOS,00.html

2. É como diz a presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Brito: "A democracia precisa de imprensa livre, precisa da diversidade de opinião". Infelizmente toda a grande mídia e imprensa estão voltados pra um só ponto de vista.

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1187758-7823-PROGRAMA+NACIONAL+DE+DIREITOS+HUMANOS+RECEBE+NOVAS+CRITICAS,00.html

3. Textinho em que aparecem algumas figurinhas conhecidas do RN.

http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1440167-5601,00-PLANO+DE+DIREITOS+HUMANOS+ENFRENTARA+RESISTENCIA+NO+CONGRESSO+AVALIAM+LIDER.html

Isso tudo só da globo. Tem ainda a Band com o Boris Casoy, que recentemente mostrou de forma transparente o que os setores dominantes pensam dos pobres brasileiros, com sua, agora celebre, frase: “Que merda, dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras. Dois lixeiros... o mais baixo da escala do trabalho”.

http://lula3vezes.blogspot.com/2010/01/31-dezembro-2009-boris-casoy-humilha.html


Tem a Record que não vai querer perder a sua fatia.

Tem ainda a Veja né... que chama de Decreto Golpista...

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-suposto-decreto-dos-direitos-humanos-prega-um-golpe-na-justica-e-extingue-a-propriedade-privada-no-campo-e-nas-cidades-esta-no-texto-basta-ler/
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/decreto-golpista-de-lula-usa-direitos-humanos-para-tentar-censurar-a-imprensa-e-quer-movimentos-sociais-substituindo-o-congresso/

Taí a democracia das classes dominantes. A democracia que os militares empurraram em 64, a democracia do dinheiro, do poder, do agronegócio, da exploração do trabalhador. A DEMocracia.

O passado nos ensina. A conjuntura semelhante.
Honduras nos ensina.
Fiquemos de olho. Pois se a direita está mostrando a cara desse jeito, é porque está vendo o desfecho. A derrota.
E é nessas horas que ela costuma ser mais violenta, mais repressora, mais ofensiva aos direitos humanos.
Se haverá outro Golpe Militar no Brasil? Não sei dizer... Mas tá na hora de lutar pra mudar tudo isso. Temos que estar prontos. Eles não vão entregar o poder dialogando não.
Continuemos na luta e luta pra mudar.
Até porque do jeito que o planeta está, a nossa mãe terra, se não for agora, se não mudarmos o sistema hoje, a forma de vida massivamente hoje, talvez amanhã não dê mais tempo.

"Mudai de vida, mudai,
Convertei-vos de coração!
Fazei a vontade do Pai,
O chão é de todos, e o pão!"

Abraços a Tod@s,

Thiago Matias.
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*Eclesiástico 13, 23: "Quando o rico fala, todos se calam e elevam até às nuvens o seu talento; quando o pobre fala, as pessoas perguntam: 'Quem é esse fulano?' E quando tropeçam, o ajudam a cair".