FOTOS DA JORNADA NACIONAL DE LUTAS DAS MULHERES CAMPONESAS




















+DIA INTERNACIONAL DE LUTA CONTRA AS BARRAGENS


O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) convoca todas as entidades, organizações, ativistas e movimentos sociais a inserirem-se e nos ajudarem a realizar as mobilizações que marcarão o Dia Internacional de Lutas Contra as Barragens, na jornada do 14 de março. Nesta data, populações atingidas por barragens do mundo inteiro denunciam o modelo energético que, historicamente, tem causado graves conseqüências sociais, econômicas, culturais e ambientais. Segundo o relatório da Comissão Mundial de Barragens (órgão ligado à ONU), no mundo, cerca de 80 milhões de pessoas foram atingidas direta ou indiretamente pela construção de usinas hidrelétricas.

No Brasil, as barragens já expulsaram cerca de 1 milhão de pessoas e mais de 34 mil Km² de hectares de terras foram encobertos pelos reservatórios. Denunciamos estes projetos que beneficiam prioritariamente as empresas transnacionais, as quais se apropriam da natureza e destroem a vida em nome do “desenvolvimento” e do lucro. Para facilitar este modelo, os governos e a justiça são extremamente rápidos em liberar licenças ambientais e realizar desapropriações com o objetivo de construir barragens.


Os últimos anos foram marcados pelo avanço das grandes empresas nacionais e estrangeiras no controle das riquezas naturais, minerais, da água, das sementes, dos alimentos, do petróleo e da energia elétrica. Todos estes bens tornam-se mercadorias e são explorados pelos setores da indústria que se abastecem com o alto consumo de energia. A atual crise do capitalismo mostra o quanto este modelo de produção e consumo é insustentável e insano, centrado apenas no lucro de poucos. Para o MAB é necessário construir um novo modelo de desenvolvimento, centrado na busca de condições dignas de vida para a classe trabalhadora.


Cada vez mais nosso compromisso é de nos organizarmos e de nos inserirmos nas lutas contra as transnacionais, pelos direitos dos trabalhadores, na defesa dos rios, da água e da vida. As manifestações da semana do 14 de março serão realizadas para pedir solução para a enorme dívida social e ambiental deixada pelas usinas já construídas e para fortalecer a luta por um outro modelo energético. Portanto, essa luta não é apenas da população atingida pelos lagos, pois todo o povo brasileiro é atingido pelas altas tarifas da energia, pela privatização da água e da energia, pelo dinheiro público investido em obras privadas (via BNDES).


Alternativas existem

Em se tratando do modelo energético, a crise nas atividades econômicas e a conseqüente queda no consumo da energia abrem a possibilidade de discutir uma reestruturação profunda, que parta das necessidades reais de superação das contradições do atual modelo e que carregue os princípios da soberania energética a partir de um projeto popular.


Portanto, cabe a nós fazermos a luta de resistência e construirmos um novo modelo energético e de sociedade!


Águas para vida, não para morte!
Água e energia não são mercadorias!

Movimento dos Atingidos por Barragens - Brasil


Fonte: www.mabnacional.org.br

ASSEMBLÉIA POPULAR CELEBRA DIA INTERNACIONAL DE LUTA DAS MULHERES


“Na Luta, Sem Medo de Ser Mulher!”. Esta foi a palavra de ordem no domingo, 08 de março, do Encontro da Assembléia Popular no Alto das Populares (Santa Rita/PB), no Dia Internacional de Luta das Mulheres. Danças, música, teatro, poesia, partilha de alimentos, mística e muito animação para o re-conhecimento das diversas experiências e celebrar a vida e a luta das mulheres, na construção de um Projeto Popular para o Brasil e uma nova sociedade.

Participaram, as/os moradoras/es do Conjunto Nova Esperança, Tibiri I e II, Paulo VI, Jardim Planalto, Vidal de Negreiros, Santa Cruz e da Rua da Jaqueira e Chatuba; além das mulheres e homens das Comunidades Eclesiais de Base, da Comunidade Popular, da União da Juventude Popular, do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados e do Movimento Nacional de Direitos Humanos; Enfim, 100 lutadoras e lutadores do Povo em Santa Rita-PB.

Na mística de abertura, foram trazidas as diversas lutas das mulheres trabalhadoras: contra a violência urbana, agro-hidro-negócio, discriminação, racismo, opressão de classe e gênero e criminalização aos movimentos sociais. A favor da vida, justiça, igualdade, soberania nacional, popular, energética e alimentar. As jovens da UJP, representando diversos setores populares (camponesa, indígena, operária), dançaram animando a abertura da noite. “Agora chegou a vez, vou cantar, mulher brasileira em primeiro lugar”.

Logo após a acolhida às/aos participantes, a companheira Geziane e o companheiro Tiago apresentaram a programação, em seguida a companheira Nina fez uso da fala para ressaltar o grande trabalho das mulheres, na família, na igreja e na sociedade. “Olê Mariê, olê Mariá, mulher sai dessa cozinha, vem ocupar teu lugar”, foi o refrão que intercalou cada depoimento. Depois se iniciou a atividade do “Teatro da Oprimida”, tratando da questão da violência doméstica contra a mulher. Foi emocionante ver as mulheres e os homens intervindo, atuando e transformando uma vivência teatral em reflexão para mudanças estruturais visando “mudar a Vida das Mulheres para mudar o mundo e mudar o mundo para mudar a Vida das Mulheres”.

O companheiro Zé Wagner, membro do Movimento Nacional de Direitos Humanos, com sua voz e seu violão, ajudou as pessoas a refletirem sobre a situação das relações humanas, sociais, políticas e ambientais na realidade atual. Logo após, a companheira Neide deu seu depoimento, em nome das mulheres operárias, e contou a opressão na qual essas mulheres vivem com a exploração do seu trabalho e o desrespeito a seus direitos humanos. Outro depoimento foi o de Francisca, que relatou o trabalho das mulheres na questão da saúde preventiva, da sabedoria popular e nos grupos de produção coletiva. A seguir a companheira Domitila partilhou o trabalho realizado pela União da Juventude Popular, como também do excelente Jornal Voz das Comunidades. Então, todas e todos assistiram a um vídeo com o título do tema da noite: “Na Luta, Sem Medo de ser Mulher”, onde se podiam ver fotos de diversas mulheres lutadoras do povo, mártires, conhecidas ou anônimas, de Santa Rita, da Paraíba e do Brasil. E seguiu-se com o depoimento da companheira Cleonice, que relatou as dificuldades e a resistência das mulheres trabalhadoras sem teto, em relação com o marido, com os filhos/as e com o trabalho de auto-sustentação.

Depois de tantos depoimentos, muitos bastante emocionantes e animadores, todas e todos se juntaram para cantar e dançar a “Ciranda das Margaridas”: “Ê Margarida, Margarida ê, tua vida corajosa nos ensina a viver” e “essa ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá”. Depois disso, partilharam pipoca, biscoitos e café, num gesto fraterno de alimentar o sonho, na celebração da vida e na luta pela construção de um Projeto Popular para o Brasil, rumando a nova sociedade, o “outro mundo possível”.

Enfim, essa foi mais uma atividade da Assembléia Popular no Alto das Populares, Santa Rita/PB, na certeza de que a força da transformação está na organização popular, na luta das trabalhadoras e trabalhadores, engrossando o mutirão por um Novo Brasil.


Texto: Elson Matias

MULHERES DA VIA CAMPESINA FAZEM JORNADA EM 14 ESTADOS DO BRASIL

Nesta semana as mulheres da Via Campesina e de organizações urbanas demarcaram a Jornada Nacional de Luta das Mulheres realizando atividades e ações de protesto em todo o Brasil. Elas denunciam as diversas formas de violência sofridas pelas mulheres, a ação das transnacionais e as ações do governo que sustentam o agronegócio e as empresas do setor exportador, especialmente da agricultura, enquanto deixam em segundo plano as/os trabalhadoras/es rurais, a agricultura camponesa e a Reforma Agrária.

Abaixo informes gerais dos Estados:

Brasília: 800 mulheres da Via Campesina ocuparam o prédio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A manifestação denunciou que a política agrária do governo, dirigida pelo Ministério da Agricultura e controlada pelos ruralistas, sustenta os latifundiários, as empresas transnacionais e o capital financeiro, responsáveis pela atual crise. Elas cobraram a implementação de um modelo agrícola baseado na pequena agricultura, através da realização da reforma agrária, e uma política econômica voltada para a geração de empregos para a população.

Paraíba: Pela manhã, cerca de 350 mulheres da Via Campesina e da Assembléia Popular ocuparam a Associação de Plantadores de Cana do estado e, em um gesto simbólico, cortaram pés de cana e plantaram feijão e milho. A ação foi em protesto aos impactos da produção de etanol no Brasil: a superexploração e as condições degradantes de trabalho nas lavouras de cana; a contaminação dos solos, do ar e da água; o encarecimento das terras e a concentração fundiária, que fragilizam ainda mais os programas de reforma agrária; e a ameaça a produção dos alimentos que são consumidos no país. Na tarde, cerca de 800 manifestantes seguiram em marcha até a sede do governo do estado. Eles exigiram o reassentamento imediato de todas as famílias atingidas pela barragem de Acauã, construída para acumulação de água e que provocou o deslocamento de aproximadamente 4.500 pessoas. Desde 2002, quando do fechamento do lago, as águas atingiram as zonas rurais inundando completamente diversos povoados.

São Paulo: cerca de 600 trabalhadoras rurais da Via Campesina realizaram a ocupação de uma área da Cosan, no município de Barra Bonita. O grupo Cosan explora uma área duas vezes maior que o total de hectares destinados para a Reforma Agrária no Estado de São Paulo: 605 mil hectares pelo grupo, contra apenas 300 mil para as 15 mil famílias em assentamentos estaduais e federais. A unidade em Barra Bonita é a maior usina de açúcar e etanol do mundo em capacidade de moagem de cana, ou seja, é um símbolo do setor sucroalcooleiro.

Rio Grande do Sul: 700 mulheres ocuparam a Fazenda Ana Paula, de propriedade da Votorantim Celulose e Papel e cortaram parte do eucalipto plantado na área. Depois de especular contra a moeda brasileira e ter prejuízos com a crise financeira, a VCP recebeu R$ 6,6 bilhões do governo brasileiro para adquirir a Aracruz Celulose, através da compra de metade da carteira do Banco Votorantim e de um empréstimo do BNDES. O custo da compra foi de R$5,6 bilhões.

Paraná: 1.000 trabalhadoras fizeram uma marcha pelo centro de Porecatu, no Norte do estado. A manifestação começou pela manhã, saindo do Centro Comunitário da Prefeitura até a praça central, onde foi realizada uma celebração com a partilha de alimentos da agricultura camponesa. Durante a caminhada as mulheres denunciaram o modelo do agronegócio, a produção dos monocultivos (da cana de açúcar, soja, eucalipto, pinus, entre outros) e as transnacionais, que destroem a biodiversidade, a cultura camponesa e inviabilizam a Reforma Agrária.

Santa Catarina: a mobilização aconteceu em três grandes Regiões do Estado: Chapecó, Curitibanos e São Miguel do Oeste. Cerca de 1500 mulheres da Via Campesina e de Movimentos Urbanos realizaram passeatas e atos públicos em frente ao Banco do Brasil, denunciando os investimentos do dinheiro público aos grandes grupos econômicos como é o caso da Aracruz e a Votorantim. Elas mobilizaram-se também em frente às Secretarias de Desenvolvimento Regional do Estado.

Espírito Santo: cerca de 1300 mulheres ocuparam o Portocel, porto de exportações da empresa Aracruz Celulose localizado no município de Aracruz, para denunciar o repasse de recursos públicos do Estado para a empresa. As mulheres entraram no porto, fizeram um ato destruindo a produção de eucalipto, e saíram da área. A Aracruz se apropria de recursos públicos, mas não gera empregos, destrói o meio ambiente e não contribui para o desenvolvimento nacional.

Rondônia: cerca de 100 mulheres realizaram de 06 a 08, um seminário com as mulheres camponesas sobre a Lei Maria da Penha. Em seguida realizaram uma caminhada pelas ruas da cidade, lembrando a luta de Margarida Alves, Irmã Doroty, Padre Ezequiel, pela terra, por reforma agrária e pelo direito dos/as trabalhadores/as do campo e da cidade.

Pará: as mulheres camponesas do estado do Pará realizaram no dia 08, estudo e debate sobre as alternativas de combate à violência praticada contra mulher, em especial, a importância da Lei Maria da Penha. Foi tema também desse encontro a agricultura camponesa e a produção de alimentos saudáveis em contraponto ao plantio de alimentos transgênicos. Participaram do encontro cerca de 250 mulheres do MMC/PA e demais movimentos sociais da Via Campesina. O mesmo aconteceu no município de Tucuruí e reuniu mulheres de outros dois municípios: Baião e Acajá.

Maranhão: Em uma ação política de protesto, as Mulheres da Via Campesina queimaram uma produção de toras de eucalipto na fazenda da Vale, em Açailândia. O eucalipto plantado na área da Vale é destinado exclusivamente para abastecer uma carvoaria, grande responsável pela poluição do ar da região e pela agressão à saúde dos habitantes dos arredor. A mesma carvoaria foi motivo de outro protesto ocorrido em março de 2008. A Vale tem mais 200 mil hectares de terras na região e destinará esta propriedade conhecida como Fazenda Monte Líbano para a empresa Suzano Papel e Celulose, que se instalará na região recebendo outros 35 mil hectares de eucalipto.

Pernambuco: Cerca de 200 camponesas realizam uma manifestação na Usina Cruangi, em Aliança, Zona da Mata Norte de Pernambuco. Em Petrolina, as camponesas da Via Campesina fizeram um ato contra o avanço do agronegócio na região, promovido pelos grandes projetos de irrigação do Rio São Francisco. Elas protestam contra o monocultivo da cana e o trabalho escravo no estado. Em fevereiro deste ano, uma operação do Grupo Móvel de Fiscalização resgatou 252 trabalhadores rurais em terras da Usina. O setor sucroalcooleiro foi o ramo da economia que mais se utilizou da mão-de-obra escrava no ano de 2008.

Acre: cerca de 100 mulheres da Via Campesina realizaram estudo no dia 08 e continuarão as atividades durante os próximos dias, denunciando a violência praticada contra as mulheres.

Roraima: foi realizada uma atividade no dia 04, na Universidade de Baliza, sobre a Lei Maria da Penha.

Bahia: em Brumado, cerca de 80 mulheres da Via Campesina, realizaram estudo e debate com caminhada de denúncia da violência.

As atividades correspondentes a Jornada Nacional de Luta das Mulheres continuarão durante esta semana.


Fonte: www.mabnacional.org.br

MULHERES QUEIMAM TORAS DE EUCALIPTO DA VALE NO MARANHÃO

Em uma ação política de protesto, as Mulheres da Via Campesina queimaram nesta segunda-feira (9/3) uma produção de toras de eucalipto na fazenda da Vale, em Açailândia, no Maranhão.

A ação que faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas. As mulheres protestam contra o avanço da monocultura de eucalipto na região, praticada pelas empresas transnacionais que estão instaladas no campo brasileiro. O eucalipto plantado na área da Vale é destinado exclusivamente para abastecer uma carvoaria, grande responsável pela poluição do ar da região e pela agressão à saúde dos habitantes dos arredores. A mesma carvoaria foi motivo de outro protesto ocorrido em março de 2008.

A carvoaria industrial está instalada a uma distância de 800 metros do Assentamento Califórnia, fruto de uma ocupação em 1996. Os mais de 1,8 mil moradores do assentamento sofrem diariamente com a queima de carvão pelos 70 fornos industriais da Vale e vem causando doenças respiratórias, dores de cabeça, irritação nos olhos e sinusites. Com isso, tornou-se comum assentados sofrerem paradas respiratórias e até inicio de derrames.

No ano passado, a empresa havia prometido instalar filtros nas chaminés carvoarias e intercalar o processo de queima do eucalipto na carvoaria, porém nada disso foi cumprido. O avanço do chamado deserto verde na região Amazônica teve início dos anos 80. Empresas chegam na região e se apropriam das melhores terras para a produção de celulose, que nos últimos dez anos tem sido destinada à produção de carvão. No Maranhão, são mais de 10 municípios atingido pela monocultura agressiva e danosa do eucalipto

O ato ainda reivindica a viabilização de políticas públicas que garantam a soberania alimentar e energética da população brasileira em vez do financiamento dos grandes projetos do capital internacional que destroem os recursos naturais e não geram empregos.

A Vale tem mais 200 mil hectares de terras na região e destinará esta propriedade conhecida como Fazenda Monte Líbano para a empresa Suzano Papel e Celulose, que se instalará na região recebendo outros 35 mil hectares de eucalipto da Vale.


Fonte: www.mst.org.br

NA PARAÍBA, ATINGIDOS POR BARRAGENS E MULHERES REIVINDICAM DIREITOS E CONTESTAM AGRONEGÓCIO

Desde a manhã desta segunda-feira (9/3), militantes da Via Campesina e da Assembléia Popular estão mobilizados em João Pessoa, na Paraíba. As ações, que continuam durante todo o dia, marcam a Jornada nacional de luta das mulheres e o Dia internacional de luta contra as barragens.

Pela manhã, cerca de 350 mulheres ocuparam a Associação de Plantadores de Cana do estado e, em um gesto simbólico, cortaram pés de cana e plantaram feijão e milho. A ação foi em protesto aos impactos da produção de etanol no Brasil: a superexploração e as condições degradantes de trabalho nas lavouras de cana; a contaminação dos solos, do ar e da água; o encarecimento das terras e a concentração fundiária, que fragilizam ainda mais os programas de Reforma Agrária; e a ameaça a produção dos alimentos que são consumidos no país.

Nesta tarde, cerca de 800 manifestantes seguem em marcha até a sede do governo do estado. Eles exigem o reassentamento imediato de todas as famílias atingidas pela barragem de Acauã, construída para acumulação de água e que provocou o deslocamento de aproximadamente 4.500 pessoas. Desde 2002, quando do fechamento do lago, as águas atingiram as zonas rurais inundando completamente diversos povoados.

“Até o Ministério Público Federal do estado entrou com uma ação civil pública contra o estado e a União por não ter disponibilizado os meios de vida que os moradores possuíam antes da barragem”, dizem as lideranças. Para o Ministério Público Federal, a remoção dessas comunidades trouxe desestruturação econômica e social para os atingidos, provocando a suspensão das atividades produtivas e o deslocamento para conjuntos habitacionais sem nenhum serviço de atendimento e atividades essenciais para a vida. “A situação de milhares de pessoas lançadas ao desamparo de conjuntos habitacionais situados no meio do nada, impossibilitando a seus habitantes o exercício de qualquer atividade produtiva reclama, urgentemente, a adoção de medidas que venham a suprir as carências mais elementares (alimentação, escola, creche, saúde pública, infra-estrutura, transporte público, lazer, segurança pública) da população deslocada, até que se cumpra a obrigação governamental de lhes conferir uma convivência sustentável em seus novos lares”, argumenta o Ministério Público.

Além disso, os manifestantes exigem o assentamento de famílias acampadas no município de Souza em 1500 hectares de terras, parcerias com o governo do Estado para recuperar as reservas ambientais dos assentamentos e a viabilidade para a construção de escolas, creches e de centros poliesportivos nos assentamentos e nas comunidades atingidas por barragens.


Fonte: www.mabnacional.org.br

JORNADA NACIONAL DE LUTAS DAS MULHERES CAMPONESAS

Mulheres Camponesas na luta contra o agronegócio, por Reforma Agrária e Soberania Popular

Nós mulheres, camponesas, ribeirinhas, extrativistas, indígenas, quilombolas e sem terra, queremos denunciar com nossas ações políticas a extrema gravidade da situação dos trabalhadores rurais no Brasil. Não nos subordinaremos a este modelo capitalista e patriarcal de sociedade, concentrador de poder e de riquezas. Não queremos o projeto de agricultura do agronegócio, hidronegócio e das empresas transnacionais no Brasil.

Nos mobilizamos para denunciar a crise política, econômica, social e ambiental criada pelas elites que controlam o Estado: capital financeiro internacional e transnacionais. Não aceitamos pagar a conta da crise, com a super-exploracão de nosso trabalho, baixos salários, aumento da jornada de trabalho e com o avanço da exploração sobre os recursos naturais. Por isso, denunciamos:

O agro e o hidro negócio são insustentáveis: os monocultivos, com destaque para a cana, soja e eucalipto, causam um forte desequilíbrio ambiental, sérios problemas sociais, gerando graves conseqüências para a humanidade, através do uso intensivo de venenos. É um modelo que se apropria e domina a água, a terra, as fontes de energia, os minérios, as sementes e toda biodiversidade. Exerce controle das sementes, através dos transgênicos, que provoca o aumento de doenças, especialmente em mulheres e crianças. Avança sobre os recursos naturais, com a ganância de aumentar seus lucros sobre as florestas, na Amazônia e no que resta do Cerrado, da Mata Atlântica, do bioma Pampa e do Semi-Árido nordestino.

Super-exploração do trabalho: os grandes lucros deste modelo são obtidos através de baixos salários, precarização, ameaça constante de desemprego e condições semelhantes de trabalho escravo. É esta super-exploração do trabalho que permite que a mercadoria fruto deste modelo, seja uma das mais baratas e competitivas do mundo.

Financiamento do Estado: este modelo é beneficiado através de investimento público que tira dos pobres em forma de impostos e passa os recursos para os bancos e empresas. O governo brasileiro recolhe da sociedade, todos os anos, cerca de 150 bilhões de reais para transferir aos bancos na forma de pagamento de uma dívida, que o povo não fez e nunca foi consultado. Os donos desses títulos não são mais que 20 mil ricos, entre donos de bancos, especuladores nacionais e internacionais. Sem esses recursos, o governo não consegue investir em educação, emprego, saúde, direitos previdenciários, habitação e reforma agrária. Este repasse se dá principalmente através do FAT e do BNDES – órgãos governamentais. É o modelo mais rentável para os capitalistas, e o mais dependente dos investimentos públicos. Por gerar divisas em dólar, o governo e o Estado lhes dão total amparo. Em especial, em linhas de crédito: o agronegócio recebe mais de 65 bilhões de reais por ano dos bancos públicos, e com isenção dos impostos de exportação. Exportar apenas matéria prima não desenvolve o país, nem distribui renda a todos e todas.

Aliança que afeta a soberania alimentar e o controle da agricultura brasileira: há uma aliança entre os grandes proprietários de terra com as empresas transnacionais que controlam o fornecimento dos insumos industriais -adubos, fertilizantes, venenos e máquinas- , o preço e o mercado de cada produto. O Brasil continua priorizando a exportação de matérias primas, sem valor agregado, vendendo a preços baixos, e transferindo parte de nossas riquezas naturais, inclusas no produto.

A criminalização da luta: nos últimos tempos, o Estado tem utilizado todo aparato policial, o poder judiciário e a mídia para defender as empresas, o agronegócio e a propriedade privada e criminalizar as lutas sociais.

Reafirmamos a luta como única saída para as transformações sociais! E temos o direito de lutar!

Nos mobilizamos para defender a agroecologia, a biodiversidade, a agricultura camponesa cooperada, a produção de alimentos saudáveis, a reforma agrária, os direitos previdenciários, a saúde e educação gratuita e de qualidade para todos. Para defender a terra, a água, as sementes, a energia e o petróleo como bens da natureza a serviço dos seres humanos.

Rompemos o silêncio para resgatar a cultura e o conhecimento camponês, resgatar o nosso Brasil. E para isso, convocamos todo o povo brasileiro a ir à luta, para se unir para construir um novo projeto de desenvolvimento - que beneficie o povo brasileiro e não as empresas e os bancos.

Seguiremos lutando e organizando as mulheres, os homens, a juventude trabalhadora e as crianças para defender os nossos direitos de viver no Brasil justo, igualitário e soberano.

Viva 8 de março: Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras!

Via Campesina Brasil e FETRAF – Março 2009