
Houve, no decorrer de 2008, várias iniciativas para fortalecer alguns instrumentos que pudessem sinalizar para uma unidade maior dos movimentos sociais e da forças progressistas da sociedade brasileira. A Assembléia Popular, a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e a Conlutas são, talvez, as mais significativas dessas iniciativas. Bem intencionadas, todas com a disposição de fortalecer a classe trabalhadora, mas nenhuma delas proporcionou uma unidade maior do movimento social e sindical. A sensação, chegado o término do ano, é que estamos ainda mais fragmentados.
Houve decisão política, disposição e trabalho para construirmos jornadas nacionais de lutas. As mobilizações em 8 de Março e a jornada de lutas em junho e outubro exemplificam as tentativas de mobilizar a sociedade. Jornadas importantes para manter acesa a chama da necessidade de lutar. Mas, restringiram-se a mobilizações de militantes sociais. Não conseguimos sensibilizar a sociedade e motivá-la para que se somasse às lutas. Não fomos além de nós mesmos.
Ainda, em 2008, houve poucos avanços, quase inexistentes. No debate sobre a necessidade de termos um projeto popular de desenvolvimento para o país. Aqui, novamente, parece haver barreiras instransponíveis para se buscar uma unidade maior. Para parte da esquerda, basta reafirmar o projeto socialista. Para outra parte, o projeto popular é imprescindível para acumular forças e sinalizar para sociedade uma alternativa de desenvolvimento oposta à apresentada pela burguesia. E, infelizmente, há também a parte que sucumbiu aos ditames do grande capital. As eleições municipais, de 2008, atestaram essa ausência de debates sobre a necessidade de um projeto popular.
Por último, passado mais um ano, os movimentos sociais precisam renovar seus métodos de trabalho de base. Aumentou a distância entre as organizações populares e a sociedade em geral. Isso é válido para os movimentos estudantis, sindicais, urbanos e rurais e pastorais sociais. É preciso chegar até as pessoas, fazê-las conhecer a mensagem política e motivá-las a participarem de alguma forma de organização social e política. Infelizmente, os movimentos sociais perderam essa capacidade nas duas últimas décadas. Aperfeiçoaram-se os discursos de grandes análises, refinada elaboração teórica e radical combatividade, ao mesmo tempo que se perdeu a capacidade de procurar e falar individualmente com as pessoas ou pequenos grupos.
Todos esses percalços de 2008 servem para constar que há muito que fazer em 2009. A classe trabalhadora deve sim resgatar suas capacidade de pensar um projeto popular de desenvolvimento, de buscar a unidade, de recuperar a força do trabalho de base e de formação política dos seus militantes e de promover jornadas nacionais de lutas. São objetivos permanentes das forças populares que se dispõem ir além da retórica e realmente querem fazer a transformação da nossa realidade.
Essa crise financeira, gerada pelo próprio desenvolvimento do capitalismo, joga um papel instigante para os movimentos sociais. Qual será a capacidade dos movimentos sociais de apresentar saídas para essa crise? A burguesia brasileira, sem um projeto de desenvolvimento nacional para o país e totalmente subordinada aos interesses do capital internacional, é incapaz de apresentar saídas para crise. Se restringirá à medidas paliativas, que visam apenas amenizar seus efeitos e repassar os custos para a classe trabalhadora.
No entanto, os movimentos sociais apenas se farão ouvir se lograrem uma maior unidade das forças populares e progressistas e, realmente, conseguirem colocar o povo nas ruas com jornadas nacionais de lutas. Os desafios são grandes. Por isso mesmo, há sim perspectivas de grandes vitórias em 2009. Que os movimentos sociais tenham a capacidade de dar respostas à altura desses desafios.
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