ENTIDADES REALIZAM PROTESTO EM JOÃO PESSOA EM SOLIDARIEDADE A DOM CAPPIO







Representantes da Frente Paraibana em Defesa da Terra, das Águas e dos Povos do Nordeste que reúne mais de vinte entidades realizaram hoje em todo país protestos em solidariedade ao Bispo de Barra – BA, Dom Luiz Flávio Cappio, que realiza greve de fome contra a transposição das águas do Rio São Francisco. Em João Pessoa, o local escolhido para o ato foi em frente ao Ibama, na Avenida Pedro II.

A Frente alega que a outras formas de se combater a seca sem necessitar fazer a transposição. Eles alegam ainda, que a obra irá beneficiar apenas os grandes empresários do agro-negócio e que a própria Agência Nacional de Águas, criou uma cartilha com tecnologias alternativas para se combater a estiagem.

Em 2005, na sua primeira greve de fome contra a transposição, Dom Cappio fechou acordo com o governo para interromper o jejum. Na época, Lula enviou o então ministro das Relações Institucionais e hoje governador da Bahia, Jaques Wagner, para conversar com o bispo.

Segundo a versão de Cappio, o governo teria prometido suspender a transposição. Já o governo nunca admitiu ter feito tal proposta. Com o início de obras na região, Cappio voltou a entrar em greve de fome.


Marcos Wéric
WSCOM Online

FRENTE PARAIBANA EM DEFESA DA TERRA, DAS ÁGUAS E DOS POVOS DO NORDESTE

Companheiros e companheiras,

A Frente Paraibana em Defesa da Terra, das Águas e dos Povos do Nordeste estará realizando um ato de apoio a Dom Luiz Cappio, contra a transposição e por um outro modelo de desenvolvimento para o Nordeste. O ato acontecerá nesta segunda às 9hs em frente ao Ibama.
Contamos com a presença de todos e todas vocês.


Frente Paraibana em Defesa da Terra,
das Águas e dos Povos do Nordeste

MST, CPT, Caritas, Serviço Pastoral do Migrante, Centro Acadêmico de Biologia, DCE UFPB, MAB, ASA-Articulação do Semi-Árido, ASPTA, Setor Juventude da Arquidiocese da Paraíba, Gabinete de Paula Frassinete, CEDOR, Juventude Franciscana de Santa Rita, Cabedelo e Tito Silva, Pequenas Comunidades das Irmãs Inseridas, AMB, Sinter, Grupos de Teatro do Oprimido Loucos Por Mudança, G.R.I.T.O. e os Incomodados Mudam a Situação, MPA, MAB, Cunhã, Consulta Popular, APAN.

CARTA AO POVO DO NORDESTE


Queridos Irmãos e Irmãs Nordestinos, do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e do Pernambuco,

Paz e Bem!

Quando encerrei o jejum de 11 dias em Cabrobó, há dois anos atrás, acreditei sinceramente que o governo federal cumpriria sua palavra empenhada no acordo que assinamos. Este acordo estabelecia um amplo, transparente e participativo debate nacional sobre o desenvolvimento do Semi-árido e da Bacia do São Francisco. Acreditávamos piamente que se esse debate fosse verdadeiro seriam esclarecidas as reais necessidades e potencialidades do Semi-árido, e ficaria evidente que a transposição não era necessária nem conveniente ao povo nem ao rio. As águas abundantes do semi-árido falariam por si. E os projetos alternativos existentes se imporiam, como as obras do Atlas Nordeste para o meio urbano e as experiências da ASA – Articulação do Semi-Árido para o meio rural.

O governo não cumpriu o prometido, abortou o debate apenas iniciado, ganhou as eleições e colocou o Exército para começar as obras da transposição. Movimentos e entidades da sociedade organizada intensificaram as mobilizações e os protestos, mas o governo se fez de surdo. Diante disso, não me restou outra alternativa senão retomar o jejum e oração, como havia dito que faria se o acordo não fosse cumprido. Para isso escolhi a capela de São Francisco, em Sobradinho – BA, bem próximo da barragem de Sobradinho, que há 30 anos passou a ser o coração artificial do Rio São Francisco, um doente em estado terminal.

Sei que meu gesto causará estranheza e incompreensões em muitos de vocês. Não os culpo por isso. Há gerações vem sido dito a vocês que só a grande obra da transposição “resolve” a seca. Entre os maiores interessados nela estão pessoas que vocês bem conhecem, pois são as mesmas que há muitos anos dominam e exploram a região usando o discurso da seca para desviar dinheiro público e ganhar eleições.

A seca não é um problema que se resolve com grandes obras. Foram construídos 70 mil açudes no Semi-árido, com capacidade para 36 bilhões de metros cúbicos de água. Faltam as adutoras e canais que levem essa água a quem precisa. Muitas dessas obras estão paradas, como a reforma agrária que não anda. Levar maiores ou menores porções do São Francisco vai tornar cara toda essa água existente e estabelecer a cobrança pela água bruta em todo o Nordeste. O povo, principalmente das cidades, é quem vai subsidiar os usos econômicos, como a irrigação de frutas nobres, criação de camarão e produção de aço, destinadas à exportação. Assim já acontece com a energia, que é mais barata para as empresas e bem mais cara para nós. Essa é a verdadeira finalidade da transposição, escondida de vocês. Os canais passariam longe dos sertões mais secos, em direção de onde já tem água.

Portanto, não estou contra o sagrado direito de vocês à água. Muito pelo contrário, estou colocando minha vida em risco para que esse direito não seja mais uma vez manipulado, chantageado e desrespeitado, como sempre foi. Luto por soluções verdadeiras para a vida plena do povo sertanejo – isso tem sido minha vida de 33 anos como padre e bispo do sertão. É, pois, um gesto de amor à vida, à justiça e à igualdade que nunca reinaram no Semi-árido, seja aí, seja aqui no São Francisco, longe ou perto do rio.

Agora mesmo é grande o sofrimento do povo não muito distante do rio e do lago de Sobradinho que, em função da energia para um desenvolvimento contra o povo, está com apenas 14%. Um projeto de R$13 milhões que resolveria o abastecimento dos quatro municípios da borda do lago espera desde 2001 pelo interesse dos governantes...

O São Francisco precisa urgentemente de cuidados, não de mais um uso ganancioso que se soma aos muitos que lhe foram impostos e o estão destruindo. Como lhes disse da outra vez, fosse a transposição solução real para as dificuldades de água de vocês, eu estaria na linha de frente da luta de vocês por ela.

O que precisamos, não só no Nordeste, é construir uma nova mentalidade a respeito da água, combater o desperdício, valorizar cada gota disponível, para que não ela não falte à reprodução da vida, não só a humana. Precisamos repensar o que estamos fazendo dos bens da terra, repensar os rumos do Brasil e do mundo. Ou estaremos condenados à destruição de nossa casa e à nossa própria extinção, contra o Projeto de Deus.

Senhor, Deus da Vida, ajude-nos! “Para que todos tenham vida!” (João 10,10).

Recebam meu abraço e minha benção,



Dom Luiz Flávio Cappio, OFM.
Sobradinho - BA, 29 de novembro de 2007.

NÃO À TRANSPOSIÇÃO! CONVIVER COM O SEMI-ÁRIDO É A SOLUÇÃO!


TRANSPOSIÇÃO: ÁGUAS DA ILUSÃO!

Incapaz de solucionar os problemas sociais da seca, projeto do Governo Federal de transpor as águas do São Francisco deve gastar bilhões sem levar água para quem precisa.

PORQUE DEVEMOS LUTAR CONTRA A TRANSPOSIÇÃO?


1. Existe água suficiente em todos os estados para abastecer as populações. O problema não é de água estocada, é de democratização da água existente e uso político da seca;

2. O projeto do governo prevê que a transposição leve água no máximo a 6% do semi-árido. A destinação da água é de 4% para a população rural, 26% para o meio urbano e 70% para atividades agrícolas de interesse privado. Não vai acabar com a sede de 12 milhões de pessoas como foi anunciado;

3. Apenas 5% dos solos semi-áridos são irrigáveis. Ou seja, a transposição não é uma solução para a agricultura, uma vez que 95% do semi-árido não sofrerá mudanças;

4. O governo admitiu que a obra “tem finalidade econômica”. Com isso, o projeto deve ser considerado ilegal, uma vez que os 26m³ solicitados para os canais foram autorizados pelo Comitê da Bacia do São Francisco para o “abastecimento humano e dessedentação dos animais”, com base na Lei Brasileira de Recursos Hídricos;

5. Não foram realizados estudos suficientes sobre o impacto ambiental. Entre outras lacunas, não foi feito nenhum estudo na calha do rio, se limitando apenas à tomada de água para frente;

6. O projeto de Reforma Agrária ao longo dos canais da transposição configura como um “presente de grego”, porque as áreas não serão agricultáveis, formadas apenas por pedras, salvo pequenas manchas férteis;

7. O governo deveria dar prioridade à revitalização do rio e às propostas do “Atlas do Nordeste”, da Agência Nacional de Águas, que prevê aproximadamente 530 obras, que alcançariam 1.112 municípios acima de 5.000 habitantes, beneficiando 34 milhões de pessoas em nove estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais;

8. O processo transcorrido não foi democrático e diversas questões pertinentes continuam obscuras. As críticas de especialistas não foram respondidas, foram desrespeitadas as decisões do Comitê de Bacia e o acordo com Dom Luiz Cappio ao encerrar a sua primeira greve de fome, em 2005;

9. A obra já sofre acusações de irregularidades, denunciadas pelo Tribunal de Contas da União, e existem indícios de corrupção, envolvendo, por exemplo, o caso da empreiteira Gautama;

10. Precisamos de outro modelo de desenvolvimento e de manejo da água, onde as populações mais pobres tenham peso político nas decisões, em vez das oligarquias, agronegócio ou hidronegócio.


Jornal dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – Ano XXV – Nº 274 – Julho de 2007

ÁGUAS PARA VIDA! NÃO PARA MORTE!

Mutirão das organizações sociais e movimentos populares pela revitalização e contra a transposição do rio São Francisco

RESPOSTA DE DOM LUIZ CAPPIO A DOM ALDO PAGOTTO


Caro Dom Aldo,

Paz e Bem!

Recebi sua "Nota Carta" e, por respeito ao Sr. e pela oportunidade de esclarecer aos irmãos e irmãs paraibanos os significados de meu gesto, eu a respondo.

1- Concordo que nossa vida a Deus pertence e não temos o direito de tirá-la. Exatamente porque a minha não me pertence e sim a Deus, pois a ele já a entreguei há muito tempo, é que a ofereço pela vida de muitos. Não a estou tirando, apenas jejuo e rezo, como é da tradição bíblica e cristã, por tempo indeterminado, disposto a ir até o fim. Primeiro, direcionado a Deus, Senhor da Vida e da História, como sacrifício, para que Ele se compadeça de nós e mude o coração de homens cegados pelo poder e pelo dinheiro. Segundo, direcionado aos governantes deste país, como legítima forma de ação de um cidadão, esgotadas e infrutíferas todas as tentativas anteriores de amplos setores da sociedade fazerem-se ouvir e respeitar. É um gesto pessoal, mas de significado coletivo.

2- Se conhece a minha vida, sabe que meu comportamento atual não é nada mais que coerência irreformável com toda a minha trajetória de franciscano, padre e bispo a serviço da defesa e promoção da vida. Isso quis expressar em meu lema de bispo "Para que todos tenham vida" (Jo 10,10).

3- A Santa Sé, através do Núncio Apostólico, de fato me "pediu" que não lançasse mão do recurso da greve de fome. Tratou-se de apenas um "pedido". Quanto à expressão "greve de fome", usei-a da outra vez porque mais conhecida e por seu significado político. Desta vez, prefiro que seja "jejum e oração permanentes".

4- Quanto ao projeto de transposição, o Sr. e outras lideranças esclarecidas que o defendem deveriam contar ao povo toda a verdade sobre esse projeto, suas reais finalidades, custos, mecanismos de cobrança pela água, traçados distantes dos sertões mais secos, interesses mercantis, etc, etc. Esse projeto não é solução, será mais problema. Continuar, a essa altura, insistindo no velho "discurso da seca", pregando um "populismo hídrico", a serviço da antiga "indústria da seca", agora moderno "hidronegócio", é um desserviço ao povo e uma perversão de nossa missão de pastores. O mérito aqui em questão não é técnico, é pastoral, pois "ovelhas" em risco cobram a solicitude do Bom Pastor. Foi assim que os bispos nordestinos, há quase 60 anos, com competência pastoral e apoio técnico, provocaram a criação da SUDENE.

5- O projeto de transposição não vai trazer verdadeiro desenvolvimento. A propaganda da irrigação no próprio Vale do São Francisco esconde a face dos danos sociais e ambientais e mesmo os sucessos econômicos são relativos, não é modelo a se propagar, precisa ser revisto urgentemente. Por que não fazem o mesmo empenho pelas 530 obras do Atlas Nordeste da ANA – Agência Nacional de Águas e pelas mais de 140 tecnologias da ASA e da EMBRAPA? Essas, sim, são soluções reais e bem mais baratas, resolvem o déficit humano de água nas cidades e promovem o desenvolvimento apropriado às diversidades rurais do semi-árido, sem ônus ao já tão sofrido povo nordestino e ao meio ambiente.

6- A voz do Espírito do Senhor sopra aonde quer (cf. Jo 3,8) e no clamor do povo ele exige que sejamos "simples como as pombas e espertos como as serpentes" (Mt 10,16).

Aceite meu abraço, extensivo a todas as irmãs e irmãos paraibanos,


+ Luiz Flávio Cappio

Bispo da Diocese de Barra – BA
Site: www.umavidapelavida .com.br


Sobradinho, 30 de novembro de 2007.
Festa de Santo André, mártir

NOTA CARTA DO PRESIDENTE DO COMITÊ PARAIBANO PELA INTEGRAÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO SÃO FRANCISCO

João Pessoa (PB), 28 de novembro de 2007.


1 - Caro irmão Dom Luiz Flávio Cappio: Deus o ilumine e o proteja. Nossa vida a Deus pertence. Não temos o direito de tirá-la a qualquer título.

2 - O comportamento cristão leva-nos à coerência irreformável na defesa e promoção da vida.

3 - Por ocasião de sua primeira greve de fome, a Santa Sé lhe pediu, em carta que lhe foi entregue em mãos pelo Núncio Apostólico no Brasil, que desistisse dessa conduta.

4 - Diante da dádiva da vida, peço que você reveja a sua posição quanto à revitalização e à integração das Bacias Hidrográficas do Rio São Francisco, contempladas em uma obra que beneficia a doze milhões de nordestinos dos estados da Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. O planejamento técnico-cientí fico e a gestão administrativa e econômica da obra são de competência governamental através dos órgãos específicos. Não compete a nós bispos da Igreja intervir nesse mérito.

5 - Contudo, nós bispos e o povo da Paraíba e dos demais estados pleiteantes apoiamos a obra que favorece o desenvolvimento de nossas regiões do semi-árido, assoladas pelas estiagens inclementes. Quem tem sede apóia a obra!

6 - Peço que o caro irmão escute a voz do Espírito do Senhor que fala pelo clamor do povo sedento de água, de amor, de justiça e de paz.



Dom Aldo di Cillo Pagotto Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Presidente do Comitê Paraibano pela Integração das Bacias Hidrográficas do Rio São Francisco

CARTA DE APOIO E SOLIDARIEDADE A DOM LUIZ CAPPIO (OFM)

“Queremos ser uma presença consciente,
desafiadora, na realidade onde vivemos,
captando nela os anseios e busca de libertação,
para sermos agentes na construção
de uma nova sociedade (...).” [1]

“(...) comprometemo-nos a ser voz profética
que anuncia a libertação integral do homem e da mulher,
e denuncia todo abuso de poder e qualquer violência
à vida e à dignidade da pessoa humana.” [2]


Querido Dom Luiz Flávio Cappio,

Paz e Bem,


Somos uma fraternidade da Juventude Franciscana (JUFRA) e atuamos, desde 1990, no município de Santa Rita, Paraíba.
Santa Rita é o município paraibano conhecido como “Terra dos canaviais”, “Rainha do Abacaxi” e “Cidade das Águas Minerais”. Mas, a serviço de quem estão esses bens? Estão a serviço do lucro dos latifundiários, ricos comerciantes e dos grandes exploradores do povo. Aos pobres, restam-nos apenas as águas poluídas pelos agrotóxicos derramados nas plantações de cana-de-açúcar e abacaxi, além de vir morar nas favelas, casos provocados pelo absurdo e impiedoso êxodo rural.
Mas, também somos um município da resistência de homens e mulheres de fé e de vida evangélica. Um município das Comunidades Eclesiais de Base e do Movimento Sem Terra, dos leigos/as articulados/as e das mulheres missionárias, dos pescadores/as e dos posseiros/as da Fazenda Tambauzinho, dos catadores/as de material reciclável e dos operários/as das indústrias de calçados... do “Povo Unido, jamais vencido!”

“Nós, jovens jufristas, cremos no amor que é a essência da vida, que se exprime de maneira vertical, no relacionamento com Deus, que colocamos acima de tudo e, de maneira horizontal, no relacionamento com os irmãos/ãs, de modo especial com os empobrecidos e oprimidos (1Jo 4, 20-21). Queremos viver este compromisso de vida no contexto da Igreja da América Latina e da realidade presente, com seus grandes desafios à fé cristã, guiados/as pela vida e pela mística que São Francisco de Assis viveu, no cumprimento de nossa missão de leigos/as da Igreja.”[3]

Por isso e por causa disso, viemos por meio desta simples carta, prestar nosso singelo “Apoio e Solidariedade a seu gesto profético”.

Nossas palavras são as mesmas de outro profeta, Pedro Casaldáliga: “Segundo o Bom Pastor, ser bom pastor é “dar a vida” pelo rebanho. Mas ninguém dá a vida, no dia do testemunho último, se antes não foi dando diariamente a vida. Porque não se trata de que nos tirem a vida. ‘Ninguém me tira a vida’, dizia Jesus. Trata-se de dá-la, livremente”.[4]
Em favor dos pobres e contra a pobreza, nos comprometemos então, em “franciscana solidariedade e comunhão” com o SINFRAJUPE[5] da FFB[6], em:

1. Desenvolver o espírito e a mística “francisclariana” do cuidado com a Criação;
2. Trabalhar a dimensão simbólica, lúdica e religiosa da água;
3. Lutar pela revitalização de todas as águas: rios, fontes, aqüíferos, lagos e mares;
4. Lutar contra o Agro-Hidro-negócio e o modelo de desenvolvimento concentrado nele;
5. Participar dos movimentos contra a privatização das águas, lutando para que a água seja considerada patrimônio e direito de todas as criaturas, e não seja tratada como uma mercadoria de compra e venda;
6. Valorizar e respeitar o saber e a cultura de comunidades tradicionais, povos indígenas, quilombolas, camponeses e grupos sócio-culturais minoritários;
7. Desenvolver uma cultura de cuidado e respeito à "Irmã e Mãe Terra";
8. Aprofundar a teologia franciscana da Criação;
9. Apoiar os trabalhadores/as rurais sem terra, os pequenos/as agricultores/as e a Agricultura Familiar e Ecológica;
10. Apoiar a luta contra a manipulação da vida pelos transgênicos e a defesa das sementes como patrimônio da humanidade;
11. Aprofundar o conceito de direito humano à alimentação e segurança alimentar;


“Esta é a vida que nós jovens da JUFRA, apesar de nossa fragilidade, queremos viver. Concluímos, reafirmando que cremos no Amor que vem de Deus, que está em nós, que está nos nossos irmãos/ãs, que está nas criaturas que nos rodeiam, e que nos conduz para uma visão otimista e esperançosa do mundo, da mulher e do homem, e da história. Guiados/as por Francisco e Clara de Assis, reafirmamos nossa vontade de seguir o caminho de Cristo. A ele, honra e glória pelos séculos. Amém!”[7]


Esperamos que o Bom Pastor, Jesus de Nazaré, nos envie, cada vez mais, pastores dispostos a negar os privilégios que os poderes político e econômico sempre estão prontos a lhes conceder.


Que o Bom Pastor comunique seu Espírito de liberdade e de serviço a muitos pastores da Igreja de nosso Nordeste, em especial, de nossa Paraíba.


Rios São Francisco, Paraíba, Preto, Tibiri, Mumbaba[8]... Vivos!
Terra e Água – Rio e Povo


Santa Rita – PB, 05 de dezembro de 2007.
Juventude Franciscana (JUFRA) – Fraternidade Irmão Sol com Irmã Lua



[1] Manifesto da Juventude Franciscana do Brasil, nº 9;
[2] Manifesto da Juventude Franciscana do Brasil, nº 18;
[3] Manifesto da Juventude Franciscana do Brasil, Introdução;
[4] CASALDÁLIGA, Pedro. Dar a vida pelas ovelhas, in Com Deus no meio do Povo;
[5] SINFRAJUPE significa Serviço Intra-Franciscano de Justiça, Paz e Ecologia; Esses compromissos são alguns de seus eixos de ação para o triênio 2007-2009;
[6] FFB significa Família Franciscana do Brasil;
[7] Manifesto da Juventude Franciscana do Brasil, Conclusão;
[8] Paraíba, Preto, Tibiri e Mumbaba são nomes de rios localizados no município de Santa Rita – PB;

FRASE DO MÊS DE DEZEMBRO

“Enquanto existirem índios e seringueiros na selva amazônica, há esperança de salvá-la. Esperamos que as pessoas que lutam em defesa da Amazônia possam realizar um trabalho que, de fato, consiga trazer uma esperança”.
(Chico Mendes)

RAPIDINHA... DE ESPERANÇA!!!

“Um novo tempo, apesar dos perigos.”

Em 2008... a LUTA continua!!!

MEMÓRIA E CAMINHADA DE DEZEMBRO

*01/12 – Dia Mundial da AIDS;
Dia de Solidariedade com as Pessoas Presas por Causa da Paz;

*03/12 – Dia Internacional da Pessoa com Deficiência;

*08/12 – Iemanjá (Cultos Afro-brasileiros);
Nossa Senhora da Conceição;
Conclui o Concílio Vaticano II, 1965;

*09/12 – CPT e MST recebem prêmio Nobel Alternativo, Suécia, 1991;

*10/12 – Dia Universal dos Direitos Humanos;
Dia Internacional dos Povos Indígenas;

*11/12 – O MST recebe o Prêmio UNICEF “Educação e Participação”, 1995;

*12/12 – Nossa Senhora de Guadalupe, México;

*13/12 – Decretado o Ato Institucional nº 5 (AI 5), suspendendo as garantias constitucionais, fechando o Congresso e cassando os mandatos, 1968;Ordenação do Pe. Josenildo Francisco, 1996;

*16/12 – Assassinados Pedro Pomar e Ângelo Arroio, dirigentes comunistas, São Paulo, 1976;

*17/12 – Morre Simón Bolívar, Colômbia, 1830;
Cai o último reduto da Guerra do Contestado, Santa Catarina, 1915;

*17 e 18/12 – 1º Encontro Arquidiocesano da JUFRA, Santa Rita, PB, 2005;

*19/12 – Zapatistas tomam 38 aldeias no Estado de Chiapas, México, 1994;

*21/12 – Massacre de Santa Maria de Iquique, Chile, mata 3.600 mineiros em greve, 1907;

*22/12 – Assassinado Chico Mendes, líder dos seringueiros, Xapuri, Acre, 1988;

*25/12 – Natal de Jesus;

Carlos Danielli, Lincoln Oest e Luís Ghilardini, dirigentes do PCdoB, são mortos sob tortura, 1972;

*26/12 – Nasce Mao Tse-tung, líder da Revolução Socialista, China, 1893;


*27/12 – Levante de 4 mil garimpeiros de Serra Pelada. A PM reage à bala: 133 são mortos na rodovia PA-150, Pará, 1987;

*29/12 – Dia Internacional da Biodiversidade;

*31/12 – Dia da Esperança;

ENCONTRO MUNICIPAL DE ARTICULAÇÃO DAS CEBs

No último dia 28 de Novembro, no Centro Social Urbano (Tibiri I), iluminados/as pelo tema “Ser CEBs num novo tempo”, mais de trinta companheiros/as das Comunidades Eclesiais de Base de Santa Rita-PB, estiveram reunidos/as para juntos/as organizar e articular as CEBs em nível municipal. Estiveram presentes os seguintes bairros/conjuntos: Alto das Populares, Santa Cruz, Açude, Nova Esperança, Paulo VI, Tibiri I, Nova Trindade, Marcos Moura, Mutirão, Tibiri II, Liberdade.

O nosso “trem das CEBs” agora vai seguir viagem para a próxima “estação”, dessa vez para o Tibiri II, no dia 06/01/2008, no Centro de Apoio à Família (CAF), das 08:00hs as 12:00hs. A Articulação de Leigos e Leigas de Santa Rita ficou de organizar a próxima “estação”. Até o próximo encontro...

“E cada vagão que se une,
é sinal que as CEBs
vão sempre crescer...”

MISSA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

“Em nome do povo marginalizado, nos cais, nas favelas e até nos altares. Em nome do povo que fez seus Palmares, que ainda fará Palmares de novo. Palmares, Palmares, Palmares do Povo.”


No último dia 20 de Novembro, entidades e pessoas empenhadas em manter viva a memória de Jesus Cristo, e de Zumbi dos Palmares, realizaram pela 13ª vez, a “Missa da Consciência Negra”. Numa alegre celebração afro, as CEBs de Santa Rita, somadas com os/as companheiros/as de Caminhada, se solidarizaram com a “Causa Afro-Brasileira”. Este ano tivemos a alegria de contar com a presença de Dom José Maria Pires (Arcebispo emérito da Arquidiocese da Paraíba), conhecido também como Dom Zumbi.

A Missa da Consciência Negra é um verdadeiro manifesto abolicionista de todas as escravidões; é um convite ao respeito à diversidade das manifestações religiosas e é uma homenagem aos nossos irmãos e irmãs vindos da África. Rememora o homem-Deus Jesus, que entregou sua vida, sua história, seu corpo e seu sangue, pela salvação da humanidade. Ele, assassinado numa cruz, depois de ter sido julgado em dois tribunais, o religioso e o político-militar, ressuscitou. A Missa foi um espetáculo de beleza e convocação aos “Novos Palmares”.

Está na hora de cantar o Quilombo que vem vindo: está na hora de celebrar a “Missa dos Quilombos”, em rebelde esperança, com todos “os Negros da África, os afro da América, os Negros do Mundo, na Aliança com todos os Pobres da Terra”.

Axé pra todos e todas!

CENTRO "DHECA" (DIREITOS HUMANOS, ECONÔMICOS, CULTURAIS E AMBIENTAIS) DOM OSCAR ROMERO

10 de Dezembro de 2007

No dia 10 de Dezembro do ano 2000, Dia Universal dos Direitos Humanos, o Padre Severino e o 1º Grupo de Juristas Populares, que foram capacitadas pela Fundação Margarida Maria Alves, sensíveis ao descaso das autoridades para com o povo, se organizaram e abriram uma sede chamada Dom Oscar Romero: Bispo e defensor dos pobres.

O CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) agora chamado DHECA (Direitos Humanos, Econômicos, Culturais e Ambientais), em Tibiri II, escolheu como padroeiro inspirador este grande homem que foi Dom Oscar Romero.

O Centro quer se inspirar aos sentimentos e a fé deste homem na defesa dos Direitos Humanos de todas as pessoas que moram nos bairros de Tibiri II, Marcos Moura, Heitel Santiago e outras comunidades que fazem parte da Paróquia de S. Pedro e S. Paulo.

O Centro quer ser:
1. Um serviço aberto a toda e qualquer pessoa sem distinção sócio-político-religioso, que se sinta violada em seus direitos;
2. Um apoio a toda e qualquer pessoa que se sinta desrespeitada e excluída da sociedade;
3. Um incentivo a não se calar diante das agressões a toda e qualquer pessoa e denunciar com coragem todo aquele que violar os Direitos Humanos.

Denúncias de violações dos Direitos Humanos?
Quer colaborar com esta causa?
Quer pesquisar ou conscientizar-se sobre os Direitos Humanos?

PROCURE-NOS!
Centro DHECA (Direitos Humanos, Econômicos,
Culturais e Ambientais) Dom Oscar Romero
Rua Cabaceiras, 172 – Tibiri II – Santa Rita – CEP: 58300-970
Fone: (83) 3217-1063

Horário de funcionamento: Segunda a sexta – Das 13:00hs as 17:00hs.

DIA UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

10 de Dezembro de 2007
É verdade que foi sob o signo dos Direitos Humanos que se deram no século 19 as batalhas pela independência dos nossos povos.

Invocaram-se então a liberdade, a igualdade e a fraternidade proclamadas pela Revolução Francesa (1789) e pela Declaração de Independência dos Estados Unidos da América do Norte (1777). Desde então os “Direitos Humanos” estão impressos em nossas Constituições e presentes em nossas tradições pátrias. Mas, nossa experiência nos foi mostrando que a compreensão desses direitos e a sua realização tiveram que passar pela experiência dolorosa do seu esquecimento sistemático e por uma luta corajosa para sua reivindicação.

Realmente, fomos descobrindo o que significa, em termos de escravidão e de miséria, a dependência econômica dos nossos povos ao capitalismo internacional.

EM BREVE

Lançamento da 2ª Edição do folheto de cordel: “Comunidade é o Novo Jeito da Igreja agora ser!” (Autoria original: Pe. Ramos Neves).

FRASE DO MÊS DE NOVEMBRO

“... Temos guardado um silêncio
bastante parecido com a estupidez...”

(Proclamação insurrecional da Junta Tuitiva
na cidade de La Paz, em 16 de julho de 1809.)

MEMÓRIA E CAMINHADA DE NOVEMBRO

*02/11 – Fiéis Defuntos;

*04/11 – Rebelião contra os espanhóis liderada por Tupac Amaru, Peru, 1780;
Assassinado Carlos Marighella, dirigente da Aliança Libertadora Nacional, São Paulo, 1969;

*07/11 – Revolução Russa, 1917 (25 de outubro pelo antigo calendário russo);
Revolta da Sabinada, Bahia, 1889;

*09/11 – Exército invade a Companhia Siderúrgica Nacional, e assassina três metalúrgicos, Volta Redonda, RJ, 1988;
A polícia destrói o sítio Caldeirão Juazeiro, expulsando 2 mil camponeses, Ceará, 1936;

*15/11 – Proclamação da República Brasileira, Rio de Janeiro, 1889;
1º Congresso Nacional dos Camponeses, Belo Horizonte, MG, 1963 – “Reforma Agrária na lei ou na marra!”;

*20/11 – Dia da Consciência Negra;
Morte de Zumbi dos Palmares e outros 20 guerreiros, 1695;

*22/11 – Celebrada a 1ª Missa dos Quilombos – Recife, PE, 1981. (Dom José Maria Pires, Dom Pedro Casaldáliga, Milton Nascimento e Pedro Tierra);
Estoura a Revolta da Chibata, Rio de Janeiro, 1910;
Dia Internacional de Protesto contra os Brinquedos de Guerra;

*24/11 – Dia do Rio;

*25/11 – Solenidade de Cristo Rei;
Dia dos/as Cristãos/ãs Leigos/as;
Dia Nacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher;
Ato da Paróquia de Santa Rita, em defesa do "Documento Evangelizar", no Palácio do Bispo, João Pessoa, PB, 2005;

*27/11 – Nossa Senhora das Graças;
Primeiro comício pró-diretas em São Paulo, em 1983;

*28/11 – Nasce Friedrich Engels, filósofo alemão, 1820;

*29/11 – Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino;

*30/11 – Dia da Carta da Terra;
Reunião da Equipe Ampliada da Paróquia de Santa Rita com o Arcebispo Dom Aldo Pagotto, Santa Rita, PB, 2005;

1ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL VOZES DE NUESTRA AMÉRICA

De 22 a 26 de outubro, a cidade de Fortaleza foi sede da 1ª Conferência Internacional Vozes de Nuestra América, que reuniu temas da cultura, política e pensamento crítico latino-americano. O evento promoveu intercâmbio de experiências e idéias, reunindo produção acadêmica da América Latina e visão político-cultural dos movimentos sociais do continente.
A realização foi uma parceria entre a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) do Movimento Sem Terra, a Universidade Federal do Ceará, a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado do Ceará.


II FESTA DOS MÁRTIRES DA CAMINHADA LATINO-AMERICANA


No último dia 11 de Outubro, entidades e pessoas empenhadas em manter viva a memória dos mártires, realizaram a II Festa dos/as Mártires da Caminhada Latino-Americana.

Numa grande “Irmandade dos Mártires”, as mais de 70 pessoas vindas das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), da Juventude Franciscana (JUFRA), da Articulação de Leigos/as, das Mulheres Missionárias do Refúgio dos Pobres e da Associação ÁRVORE, se comprometeram em honrar o sangue de tantos/as irmãos/ãs que souberam viver o Evangelho de Jesus Cristo.

“Celebramos todos os mártires, de todas as religiões, de todas as Igrejas, da América Latina, de todos os sonhos e lutas da causa da vida, da justiça e da paz, que para nós são as Causas do Reino da Vida!”

“Uma Igreja ou um Povo que esquece de seus mártires, não merece sobreviver!” (Dom Pedro Casaldáliga).