Ato contra a crise reúne 10 mil em São Paulo

Mais de 20 entidades sindicais, estudantis e populares reuniram 10 mil pessoas em ato em defesa da redução da jornada de trabalho e dos direitos dos trabalhadores, no contexto da crise econômica mundial, na Avenida Paulista, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira (14/8). O ato começou por volta das 10h e terminou às 14h.

Os mil integrantes do MST, que estavam alojados no Estádio do Pacaembu, participaram da manifestação, que também defendeu a realização da Reforma Agrária. No começo da tarde, os Sem Terra começaram a voltar para o interior do estado de São Paulo, depois de nove dias de mobilização.

"O compromisso do MST é fazer a luta pela Reforma Agrária e em defesa dos direitos dos trabalhadores. Queremos debater com a sociedade um projeto popular para o Brasil e uma alternativa para o país, porque o atual modelo econômico não tem condições de resolver os problemas da classe trabalhadora", afirmou o integrante da coordenação nacional do MST, João Paulo Rodrigues.

Segundo ele, os defensores da Reforma Agrária e amigos do MST devem intensificar a pressão sobre o governo federal e o Ministério da Fazenda, para garantir avanços na negociação da pauta de reivindicação apresentada em reunião interministerial nesta semana em Brasília.

O conjunto de entidades saudou a jornada de lutas do MST, que realizou protestos em 14 estados e no Distrito Federal para cobrar do governo federal a realização da Reforma Agrária e o fortalecimento dos assentamentos.

O MST exige o assentamento das 90 mil famílias acampadas, o descontingenciamento de R$ 800 milhões do orçamento do Incra e a atualização dos índices de produtividade, intocados desde 1975.

O Movimento cobra também investimentos para o fortalecimento dos assentamentos na áreas de habitação, infra-estrutura e produção agrícola, uma vez que 45 mil famílias foram assentadas apenas no papel.

"Precisamos que o Brasil faça uma Reforma Agrária de verdade, onde as famílias possam plantar e colher", exigiu Wagner Gomes, da CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil). "Essa manifestação é uma prova de que o povo brasileiro quer lutar, vai lutar e vai vencer".

"As empresas utilizam a crise para manter a sua alta lucratividade", denunciou o dirigente da Conlutas, Zé Maria, que defende a aprovação de uma medida provisória contra as demissões em massa. Segundo ele, desde o começo do ano já foram fechados 1 milhão de postos de trabalho.

"Só a unidade vai garantir que os trabalhadores não paguem pela crise", disse o novo presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas.

"Estamos na luta por uma mudança radical da política econômica", afirmou o dirigente da Intersindical, Édson Carneiro, conhecido como Índio.

"A solução para os trabalhadores é o caminho das ruas para garantir uma nova lei do petróleo", acredita o coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), João Antonio Moraes. Na próxima semana, o governo federal deve apresentar um projeto para um novo marco regulatório para a exploração do petróleo. Como forma de pressão para avanços nessa área, os petroleiros e os movimentos sociais devem apresentar um projeto alternativo no Congresso Nacional.


Jornada de trabalho


Uma das preocupações das centrais sindicais é a pressão dos empresários contra a redução da jornada de trabalho. No dia 25 de agosto, acontece um debate em comissão geral na Câmara dos Deputados, para discutir a aprovação da PEC 231/95, que reduz a jornada de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salário e com acréscimo de 75% sobre as horas extras.

A proposta já foi aprovada na comissão especial, no dia 30 de junho deste ano. Agora, precisa ser votada em dois turnos pelo plenário. Para ser aprovada, precisa obter no mínimo 308 votos favoráveis dos deputados.

"A classe dominante está se articulando contra a redução da jornada de trabalho", afirmou o deputado federal Vicentinho (PT). Segundo ele, apenas com lutas será possível garantir a aprovação das 40 horas de trabalho semanais.

"Ou aprova a redução da jornada de trabalho ou os parlamentares não voltam para Brasília em 2011", prometeu o deputado federal Paulo Pereira da Silva, que pretende fazer uma campanha para denunciar os deputados e senadores que votarem contra o projeto.


Fonte: www.mst.org.br

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