Nordeste avança na organização da Assembleia Popular

No último fim de semana (10, 11 e 12 de julho), a Escola Estadual de Formação Paulo Freire, no assentamento Normandia, Caruaru-PE, recebeu representantes de organizações sociais de todo Nordeste para o primeiro Encontro da Assembleia Popular Nordeste. Numa iniciativa inédita no país, os movimentos sociais ali presentes definiram a prioridade de se organizarem regionalmente, tanto para formação como para agendas de luta no campo e na cidade.

A Assembleia Popular é uma iniciativa dos movimentos sociais que, no Brasil, existe desde 2005 com o objetivo de organizar, formar e mobilizar a diversidade de lutadores e lutadoras do povo em torno de um Projeto Popular para o Brasil. No Nordeste, a articulação está presente em todos os Estados, em estágios diferentes de organização. Alagoas, por exemplo, ainda está nos primeiros passos dessa construção, enquanto que a Paraíba já aglomera diversas pessoas na luta pela redução da tarifa energética.

Durante a programação, foi discutido a conjuntura do capitalismo no Nordeste, marcado pelo coronelismo (poder local ligado às oligarquias latifundiárias) e pelo atraso em relação a investimentos do Estado brasileiro. Além desse olhar crítico sobre a própria região, os participantes analisaram a conjuntura da crise econômica internacional e seus efeitos sobre a classe trabalhadora. Além disso, a forma como uma unificação poderia servir para combater essas consequencias e aproveitar o momento para massificar o Projeto Popular.

A carta final do encontro aponta para a solução dos desafios de organização ao sugerir a criação de uma secretaria operativa regional e de um coletivo responsável pela articulação em cada um dos Estados. Dentro do cenário de crise, a reunião do maior número de movimentos sociais nas linhas mais diversas de enfrentamento ao capital (ambiental, econômica, habitacional, agrária, entre outras) é estratégico para aqueles que lutam dia-a-dia pelo Poder Popular e pelo socialismo. Mais simbólico ainda, esta articulação inicial acontecer no cenário agrário de Pernambuco, marcado recentemente pela atrocidade da chacina de três assentados e dois pedreiros no assentamento Chico Mendes, em Brejo da Madre de Deus-PE.

A Assembleia Popular Nordeste é um instrumento da chamada esquerda social (aquela capilarizada nos movimentos sociais) e deve ascender as lutas em torno de pautas comuns, que atinjam a população e, por isso, garantam um “poder de convocação” das massas às ruas. Numa articulação que pretende se encontrar com uma freqüência de três meses, a comissão representativa dos Estados deve, a partir de agora, criar as condições para o avanço na formação, organização e lutas no Nordeste. Isso sinaliza para a realização do Curso Realidade Brasileira, que garantiria uma intervenção regionalizada na Assembleia Popular Nacional e o compromisso com a Jornada de Lutas contra o modelo de desenvolvimento em agosto, respectivamente.


Fonte: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) - www.mst.org.br

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