Atingidos/as pela barragem de Acauã montam novo acampamento

Após receberem da Justiça uma ordem de despejo e reintegração de posse, as 120 famílias atingidas pela barragem de Acauã montaram um novo acampamento, no dia 04 de julho, agora numa área pública que pertence à Prefeitura de Itatuba. As famílias estavam acampadas há dois meses na Fazenda Mascadi, quando cerca de 100 policiais entraram no acampamento e as expulsaram. Segundo Osvaldo Bernardo da Silva, coordenador do MAB, jagunços da fazenda aproveitaram a situação de despejo e atearam fogo nas lonas e colchões dos acampados.

“Mesmo com toda esta violência nós não desistimos. Estamos acampados novamente para exigir uma vistoria nas terras da Mascadi e novos reassentamentos para os atingidos”, afirmou Osvaldo Bernardo.

A Barragem de Acauã foi concluída em 2002 e está localizada no Rio Paraíba, entre os municípios de Aroeiras, Itatuba e Natuba. Ela ocupa uma área de 1.725 hectares e causou o deslocamento de 4,5 mil pessoas (cerca de 800 famílias) que tiravam seu sustento do rio. Os povoados foram completamente inundados. Os reassentamentos de Cajá, Melancia e Pedro Velho, são considerados pelo MAB a pior situação social das famílias reassentadas por uma barragem no país.

Em abril de 2007, a região recebeu a visita da Comissão Especial do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CNDDPH), criada para acompanhar denúncias de violações de direitos humanos decorrentes da implementação de barragens no país. O relatório divulgado pela comissão confirmou as acusações feitas pelo movimento. Leia um trecho:

"Além de não haver água tratada, esgoto, saúde, educação, lazer, moradia, segurança e acesso ao trabalho, as comunidades não têm ruas asfaltadas (ou com paralelepípedos, ou pedras outras), calçadas, e nem dispõe de praças públicas. Não existem serviços públicos regularmente estruturados, comércio local, farmácias, linhas de transporte coletivo, matadouros, hortas comunitárias, cemitérios e áreas de lazer (centros comunitários, campo de futebol, etc.). Muito menos órgãos administrativos ou representação estatal estabelecidos nesses locais".

Recentemente o MAB produziu um documentário chamado "O canto de Acauã", que relata os problemas enfrentados pelas comunidades ribeirinhas depois da construção da barragem.


Fonte: Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) – www.mabnacional.org.br

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