-Polícia reprime protesto de indígenas na UHE Monjolinho

Na manhã de hoje (18), durante um protesto de indígenas na barragem de Monjolinho, mais uma vez a polícia gaúcha agiu com violência jogando bombas de efeito moral e ferindo um manifestante. Além disso, a polícia interrompeu a viagem de dois ônibus que se deslocavam para a mobilização e impediu que os manifestantes descessem do veículo durante quase toda a manhã. A UHE Monjolinho foi construída sob o Rio Passo Fundo, entre os municípios de Nonoai e Faxinalzinho/RS.

Os indígenas fizeram a mobilização para agilizar o processo de negociação entre as famílias atingidas e a empresa construtora da barragem. Eles afirmam que permanecerão mobilizados até que os problemas causados por essa obra sejam resolvidos. Entre as críticas está o fechamento das comportas da usina Hidrelétrica antes de resolver os problemas com as famílias atingidas. Abílio Pendere Casemiro, liderança Kaigang fala da revolta do seu povo: “Sempre moramos nesse lugar, essa terra é nossa e construímos a nossa vida aqui! Estão desrespeitando a nossa cultura, tradições e nossos costumes. Não deixaremos esses brancos da empresa tapar a nossa história, a nossa vida, o nosso povo com tanta água dessa barragem.”, declarou o líder indígena.

Lideranças do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) confirmam o profundo descontentamento dos indígenas e alertam que se os donos da barragem não tomarem as providências necessárias imediatamente, poderá haver conflitos ainda mais graves na região. “É uma vergonha a forma como o governo e as empresas tratam esse povo e os camponeses da região. As repressões são constantes e atacam de forma violenta as manifestações legítimas dos movimentos sociais organizados”, afirma.

Histórico

A barragem de Monjolinho teve as comportas fechadas no dia 14 de maio. A obra é da empresa Engevix, a mesma empresa que mentiu nos Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental para a construção da hidrelétrica de Barra Grande.

No dia 22 de maio, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, através do Desembargador Carlos Eduardo Flores Lenz, decidiu pela imediata interrupção do enchimento do lago, “sob pena de graves danos à comunidade indígena, na medida em que dificultará avaliar e mensurar os impactos ocorridos em sua terra, inviabilizando, por conseqüência, a realização das medidas mitigatórias e compensatórias a cargo do empreendedor”. Porém, a Empresa Engevix não está cumprindo esta decisão e o lago continua a ser enchido.

A obra faz parte do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), teve um custo de R$ 280 milhões e foi totalmente financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo a própria Engevix, toda energia gerada pela empresa será destinada para clientes privados.


Fonte: Movimento dos Atingidos por Barragens - www.mabnacional.org.br

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