-05 de Junho - Dia Mundial do Meio Ambiente

Na semana em que se desenvolve atividades alusivas ao Dia do Meio Ambiente, temos o que comemorar? Vejamos:

-A Mata Atlântica continua em acelerado processo de degradação, a sanha dos empreendedores continua sobrepujando nossa necessidade e nosso desejo de preservá-la. O Poder Público se omite, permitindo e licenciando ações como essa;

-O desmatamento da caatinga, importante ecossistema presente em grande parte da Paraíba, está sendo efetuado com o objetivo de ser utilizado como fonte energética para fornos de indústrias;

-Exploração de minério e extração de areia sem absolutamente critério algum, muito menos Estudo de Impacto Ambiental, importante e obrigatório instrumento de avaliação sobre as consequências da realização de empreendimentos ou atividades potencialmente degradadoras;

-Privatização da água, recurso imprescindível à vida humana. Com os atuais projetos ligados à transposição do Rio São Francisco, são notórios os investimentos nas áreas privadas e nos latifúndios, áreas onde o pequeno produtor não terá acesso, permanecendo, portanto, vitimado pela indústria da seca e pela falta de comprometimento com políticas realmente voltadas ao interesse de quem produz o pão de cada dia de todos os paraibanos;

-Os alimentos transgênicos continuam sendo utilizados no nosso Estado e estão nas prateleiras dos supermercados, sem o cuidado de alertar as pessoas sobre os perigos e conseqüências para a saúde humana. Sequer é exigida a rotulagem;

-A Carcinicultura (cultivo de camarões em viveiros) está causando verdadeira tragédia ambiental e social em várias cidades da Paraíba. A salinização e contaminação do solo por produtos químicos usados na atividade estão inviabilizando a permanência da população nativa em suas áreas;

-Todos os rios da Paraíba estão poluídos e em lamentável estado de assoreamento, sem a presença de sua vegetação (mata ciliar), necessitando urgente de revitalização e permanente ação de educação ambiental com as populações ribeirinhas, além de melhor gestão dos órgãos de fiscalização;

-Nossos manguezais, berço da vida marinha, sofrem com a constante agressão, sem nenhuma observância de sua importância para o equilíbrio ambiental de diversos outros ecossistemas;

-Nossa orla, diga-se Área de Preservação Permanente, está sob a mira famigerada da especulação imobiliária que ocupa irregularmente nossas praias, construindo hotéis, flats e outros empreendimentos, a exemplo do “Tabatinga Praia Hotel”, edificações que não atendem, de longe, as necessidades da população e agridem o meio ambiente. Essas ocupações irregulares estão, inclusive, em áreas como o Altiplano Cabo Branco;

-A expansão do cultivo da cana-de-açúcar está cada vez mais ocasionando a supressão da nossa Mata Atlântica;

-Pouquíssimas Unidades de Conservação foram criadas no Estado e estas sofrem com a falta de gestão eficiente e eficaz;

-O que nos deixa mais estarrecidos e indignados é que todas essas atividades estão respaldadas em licenciamentos concedidos pelos órgãos que, pelo menos em tese, existem para fiscalizar e proteger o meio ambiente.


João Pessoa merece um espaço de destaque neste documento por viver um momento especial na gestão municipal, sobretudo pelas obras de concreto que têm se alastrado pela cidade. Vivenciamos um total desprezo quanto à implantação de políticas ambientais, uma gestão que não dialoga com a sociedade a respeito de suas prioridades no que se refere ao meio ambiente, por isso mesmo continua executando obras que degradam, agridem e interferem negativamente na qualidade de vida da população. Sem esquecer gestões anteriores que, igualmente a esta, promoveram ações degradadoras. Eis algumas:

-Construção da Estação Ciência Cultura e Artes (ECCA!!!!) em área de interesse ecológico, cortando centenas de árvores nativas para viabilizar sua edificação;

-Projeto de construção do Teatro Municipal em área de interesse ecológico;

-Autorização para funcionamento de postos de revenda de gás natural em áreas residenciais;

-Mudança ilegal do zoneamento de parte da cidade através de edição de Decreto, para favorecer ao setor imobiliário;

-Autorização para construção do Marina’s Ocean no sopé da barreira do Cabo Branco;

-Autorização para construção do Manaíra Shopping em área de preservação permanente, o que provocou o desvio do rio Jaguaribe;

-Absoluta ausência de uma política dirigida ao Parque Lauro Pires Xavier;

-Nenhum investimento na infra-estrutura do Centro de Zoonoses. Pouco ou nada se faz pelo bem estar animal;

-Corte de árvores em Manaíra para construção de estacionamento, na Camilo de Holanda para ampliação da avenida, na Lagoa para instalação de monumento ao escritor Ariano Suassuna, na Epitácio Pessoa, a propósito de não se sabe bem o quê...


Enfim, o quê mesmo estamos comemorando?

Acácia Pingo D’Ouro
Assembleia Popular – Paraíba
Assembleia Popular no Alto das Populares – Santa Rita
Associação Paraibana dos Amigos da Natureza – APAN
Fórum em Defesa do Cabo Branco
Frente Paraibana em Defesa da Terra, das Águas e dos Povos do Nordeste
Grupo PACTO
Movimento Nacional dos Artistas pela Natureza

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