16ª Semana da Consciência Negra - Alto das Populares - Santa Rita/PB

Negritude: Questão de Consciência!

As homenagens a Zumbi dos Palmares são mais do que justas, pois este personagem histórico representa a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial, e toda a resistência do Povo Brasileiro pela igualdade. Morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. É com este sentimento que a 16 anos as Comunidades em Santa Rita celebram a Semana da Consciência Negra.

A experiência começou em 1994, a partir das reflexões vindas do 8º Encontro Intereclesial das CEBs, realizado em Santa Maria/RS, em 1992, com o tema: CEBs: Povo de Deus renascendo das Culturas Oprimidas. Encontro esse que teve representação de Santa Rita, que foi Dona Irene. Aí, na volta, em conversas com outras pessoas da Comunidade Sagrado Coração de Jesus (Tibiri I), entre elas, Luiza, Jandira, Dona Anália... surgiu a idéia de realizar uma celebração trazendo presente as culturas oprimidas. Não deu outra, e em novembro de 1994 foi realizada a Celebração da Palavra.

Com o passar dos anos, a experiência já ficou marcada no calendário anual da Comunidade e da própria paróquia. Prova disso é o incentivo e a participação de diversos padres que passaram pela paróquia, e celebraram a Consciência Negra, dentre eles, Denis, Luis Zadra, Virgílio, Eliezer, Josenildo, Lucivaldo, Afonso, Hélio, Penedo, Valdemir, Antônio... .

Marcante foi a Celebração Eucarística de 2007, com a presença de Dom José Maria Pires (Dom Zumbi), reforçando o empenho de tantas pessoas lutadoras em suas Comunidades, e reafirmando o desejo e o sonho de uma Igreja libertadora, para uma Sociedade libertada.

Já esse ano, de 2009, na 16ª Semana da Consciência Negra, foram realizadas duas atividades. Uma na terça-feira, dia 17/11, uma Mesa Redonda, com representantes da universidade, do movimento negro e da religião afro, com o tema da semana: Negritude: Questão de Consciência. E no dia 20/11, dia da Consciência Negra, a Celebração Eucarística, presidida pelo Padre Penedo.

A celebração foi iniciada com o vídeo das fotos dos anos passados, desde 1994. Logo após houve a motivação, com a convocação de toda a história e a memória do povo negro, e da a luta do povo. Estamos aqui Senhor para trazer na cuia das mãos o vinho e o pão, a luta e a fé dos irmãos, que o Corpo e o Sangue do Cristo serão.

Com a escuta da Palavra, foi trazido ao altar, o pão e o vinho, e outros símbolos e comidas da cultura afro. Balaio, cana de açúcar, pote de barro, beiju, tapioca, cocada, arroz doce, rapadura... comidas que foram partilhadas após a Celebração.

A benção de envio foi feita após a entrada da imagem da Negra Aparecida, mãe e exemplo de vida para o povo que luta e resiste, na fé e na esperança. O sonho ainda persiste. Uma celebração apenas é muito pouco ainda... sonhamos com os prantos, os gritos, unidos num canto de irmãos corações, na luta e na festa do ano inteiro.


Elson Matias.

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