11º ENCONTRO NACIONAL DOS/AS ARTICULADORES/AS DO GRITO DOS/AS EXCLUÍDOS/AS

Realizou-se em São Paulo-SP, de 24 a 26 de abril de 2009, o 11º Encontro Nacional dos Articuladores/as do Grito dos/as Excluídos/as. Participaram mais de 40 pessoas, representando 19 Estados da União, além de representantes das entidades que, desde 1995, promovem tal iniciativa. Em pauta, entre outras coisas, a preparação coletiva da 15ª edição do Grito dos/as Excluídos/as, em 7 de setembro de 2009, que terá como lema "Vida em Primeiro lugar,A força da transformação está na organização popular".

Além da mística e da animação que enriqueceram os três dias, quatro momentos marcaram o encontro. Primeiro, foi o levantamento coletivo dos gritos anônimos, invisíveis, silenciosos ou silenciados. Nos grupos e no plenário, desfilaram dezenas de rostos, formando um verdadeiro retrato nacional da realidade da exclusão social. A pergunta subjacente era como saber ouvir esses gritos, refletir sobre eles e converter essa energia contida em força social de transformação.

Em seguida, houve a oportunidade de cada estado relatar a forma como se dá a construção do Grito, o que evidenciou a diversidade dos desafios e das respostas encontradas. Os relatos foram seguidos de um debate aberto, onde ficou claro que o Grito cada vez mais se descentraliza, caminhando ao encontro de realidades e categorias em situação de exclusão. Nota-se, também, que o Grito, de acordo com as diferentes realidades regionais, vem ganhando um caráter progressivamente plural, tanto em suas atividades e sua linguagem quanto em suas temáticas. Até mesmo suas motivações, embora centradas na Semana e no Dia da Pátria, vão ganhando novos ingredientes, tais como festas, vitórias, lutas, reivindicações e celebrações pontuais.

Em terceiro lugar, o encontro privilegiou alguns espaços de estudo e aprofundamento. Uma análise a partir dos gritos anônimos, tentando ressaltar determinados aspectos desse anonimato, da violência oculta e da energia que eles representam; um estudo sobre a realização do Grito não apenas enquanto evento, mas enquanto um processo que pressupõe continuidade; e uma reflexão que procurou colocar em evidência os desafios do Grito no contexto da crise mundial que estamos atravessando. O estudo desses temas caracteriza o encontro não somente como espaço de preparação e articulação do Grito, mas também como tempo de formação.

Por fim, os participantes foram convidados a apontar sugestões e novas iniciativas em vista da realização do Grito deste ano. Resultou dessa contribuição a necessidade de utilizar mais a arte e a cultura nas atividades relacionadas ao Grito; a importância dos pré-gritos e pós-gritos, para garantir a continuidade do processo; a reafirmação de que é preciso descentralizar cada vez mais o Grito, em termos de realidade e de espaço, para chegar até as categorias mais excluídas; o esforço de levar em consideração, por um lado, o tema do meio ambiente enquanto preservação da vida no planeta, e por outro, o tema da segurança pública em sintonia com a Campanha da Fraternidade.

Ao final, muitos símbolos foram sugeridos para o Grito de 2009: panela, comida, semente, muda, instrumento sonoro/musical, instrumento de trabalho, varal com as contas a pagar, rede, pão, abacaxi, etc. Após um rico debate sobre a questão do simbolismo, prevaleceu a orientação de que, além desses, cada região possa agregar outros símbolos que melhor representem sua realidade nos gritos.

É importante salientar que saímos do encontro animados/as para continuarmos o processo de construção do 15º grito em nossas regiões.

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