Carta Aberta do 9º Seminário Nacional de Militantes da Pastoral da Juventude Estudantil (PJE)

"Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo,sofrendo com ele a mesma luta ou se dissociam dele e,neste caso, serão aliados daqueles que exploram o povo." (Florestan Fernandes)

Paz e bem!

Entre os dias 14 a 17 de janeiro de 2010, nós, militantes e assessores da Pastoral da Juventude Estudantil de todo o Brasil, nos reunimos na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema/SP, em nosso 9º Seminário Nacional de Militantes para discutir e aprofundar o tema “Pós-médio e militância na PJE”, inspirados pelo lema “PJE para além dos muros da escola”; tivemos o objetivo de refletir o porquê e o como ser militante na PJE, além de avaliar e eleger as instâncias da organização nacional.

Iniciamos nosso 9º SNMPJE nos questionando sobre o que é ser militante. Para responder a essa difícil pergunta, recorremos a uma análise de conjuntura política, educacional eclesial. Essa nos afirmou a importância de continuarmos a militar além dos muros da escola. Partilhando a caminhada pastoral, conhecemos experiências de militância no nível educacional pós-médio, que já acontecem hoje. Nosso objetivo é expandi-las e aprofundá-las.

Iluminados pelo trecho bíblico “Com minhas obras, lhes mostrarei a minha fé” (Tg 2,18), expressamos nossos sonhos a respeito da juventude, da educação, da sociedade, de Igreja e de PJE.

Confrontando a realidade com a utopia, refletimos que a militância nos desafia a sermos sujeitos da história. História esta que não é só nossa, mas da qual desejamos ser parte ativa na sua construção. Inspirados pela luta de tantos companheiros de outras pastorais e movimentos sociais, reafirmamos nosso anseio de irmos além dos muros da escola. Para isso, precisamos fortalecer nossa militância clareando nossos princípios, opções e práticas.

Entendemos ser de fundamental importância o protagonismo juvenil. Nossos militantes devem ser protagonistas e motivadores do protagonismo de outros jovens. Acreditamos profundamente no potencial transformador das juventudes e na capacidade dos jovens de serem sujeitos de sua própria história.

Nosso meio é a educação. Mas não acreditamos em qualquer educação. Optamos pela educação Nossa opção metodológica é pela educação popular, pois queremos que a educação seja fonte de libertação e não reprodução do sistema opressor. A educação sozinha não revolucionará o mundo, mas ela é parte essencial na sua transformação.

Somos pastoral e vivemos no seguimento de Jesus Cristo, que foi perseguido e preso político, morto na cruz devido às suas convicções. Durante sua trajetória de vida, Ele nos apresentou um projeto maior, o projeto do Reino de Deus. O Filho do Homem nos chama para continuar Seu projeto. Devemos ser discípulos e missionários de Jesus no mundo da educação e no meio estudantil. Jesus Cristo caminha junto dos oprimidos. Por isso, fazemos uma opção radical pelos pobres. Como pastoral orgânica, somos Igreja a partir da ótica dos pobres. Desse modo, cultivamos a fé e espiritualidade encarnadas na realidade.

O projeto apresentado no Evangelho precisa ser descoberto pelos jovens. O caminho trilhado pela PJE indica o Processo de Educação na Fé (PEF) como método essencial para tal descoberta. E a partir do momento em que a descoberta acontece, não tem mais jeito... assumimos como projeto de vida.

O acompanhamento da assessoria ao jovem contribui com o seu crescimento e a permanente reflexão e reconstrução de seu projeto de vida. A militância deve estar em formação permanente, para que nossos saberes e convicções se aprofundem. Já a comunidade de partilha é o que alimenta o dia-a-dia da militância, sendo fonte onde bebemos para renovar a construção coletiva da pastoral.

O militante só tem sentido quando faz parte da organização. Ninguém pode militar sozinho. Ser orgânico na PJE é colocar-se a serviço da pastoral, visando à construção do nosso projeto coletivo de sociedade.

A inserção do militante na base é uma das maneiras de garantimos a continuidade da pastoral, pois é o fio condutor dos valores da PJE na construção diária de nossas vidas. Estando inserido, possibilitamos que o militante verdadeiramente defenda os interesses, valores e posicionamentos da pastoral, e reforçando que a nossa organização deve estar a serviço da missão e da base.

A PJE abraça o sonho de uma sociedade na qual homens e mulheres que a compõem percebam o jovem como sujeito engajado, portador de uma história, de marcas típicas de um tempo e de um espaço. E é a partir desse chão multifacetado que entendemos o sonho de juventude e educação. Compreendendo que ele é apenas um entre tantos outros, é o que orienta o percurso e alimenta a caminhada. Temos como principio a defesa da vida. E arriscaremos as nossas vidas na construção do Reino e da Civilização do Amor, junto das Pastorais da Juventude, Igreja e Movimentos Sociais.

Iremos além dos muros das escolas. Queremos ver a novidade florescer, entranhada no grito da juventude, que incessantemente sonha e vai fazer valer sua vida. Estamos em marcha contra a violência, estamos em campanha para fazer da juventude construtora da vida. Convidamos todos a se juntarem a nós e às Pastorais da Juventude do Brasil na Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens.

Por fim, queremos apresentar aqueles se colocaram a serviço para dar continuidade à caminhada nacional. São jovens e assessores que contribuirão nas instâncias nacionais nos próximos anos. A Equipe Nacional será composta pelos seguintes jovens: Ana Marcela da Silva Terra (Rio de Janeiro), Bruno Correia de Oliveira (Rio Grande do Sul) e Danielle Alves Oliveira (Paraíba). A Secretária Nacional pelos próximos dois anos será Monique Cavalcante Benevent (Pernambuco). Já a Articulação e Assessoria Nacional foram assumidas pelo período de um ano. A primeira Articuladora Nacional da PJE é Tábata Silveira dos Santos (Rio Grande do Sul). Na Assessoria Nacional continua Maurício Perondi (Rio Grande do Sul). A Ir. Maria Luísa de Lucca (Rio de Janeiro), da Congregação de Notre Dame irá contribuir com a assessoria e com a Equipe Nacional. A estes agradecemos pela doação de vida e disposição para assumir estas importantes missões e desejamos um ótimo trabalho.

Esperamos que esta carta seja boa-nova para os grupos de jovens, militantes e assessores de todo o Brasil. E convidamos todos a se engajarem na luta transformadora nas escola e além de seus muros, na construção de um outro mundo possível.

Guararema/SP, 17 de janeiro de 2010.


Fonte: www.pjebr.org

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