MULHERES DA VIA CAMPESINA FAZEM JORNADA EM 14 ESTADOS DO BRASIL

Nesta semana as mulheres da Via Campesina e de organizações urbanas demarcaram a Jornada Nacional de Luta das Mulheres realizando atividades e ações de protesto em todo o Brasil. Elas denunciam as diversas formas de violência sofridas pelas mulheres, a ação das transnacionais e as ações do governo que sustentam o agronegócio e as empresas do setor exportador, especialmente da agricultura, enquanto deixam em segundo plano as/os trabalhadoras/es rurais, a agricultura camponesa e a Reforma Agrária.

Abaixo informes gerais dos Estados:

Brasília: 800 mulheres da Via Campesina ocuparam o prédio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A manifestação denunciou que a política agrária do governo, dirigida pelo Ministério da Agricultura e controlada pelos ruralistas, sustenta os latifundiários, as empresas transnacionais e o capital financeiro, responsáveis pela atual crise. Elas cobraram a implementação de um modelo agrícola baseado na pequena agricultura, através da realização da reforma agrária, e uma política econômica voltada para a geração de empregos para a população.

Paraíba: Pela manhã, cerca de 350 mulheres da Via Campesina e da Assembléia Popular ocuparam a Associação de Plantadores de Cana do estado e, em um gesto simbólico, cortaram pés de cana e plantaram feijão e milho. A ação foi em protesto aos impactos da produção de etanol no Brasil: a superexploração e as condições degradantes de trabalho nas lavouras de cana; a contaminação dos solos, do ar e da água; o encarecimento das terras e a concentração fundiária, que fragilizam ainda mais os programas de reforma agrária; e a ameaça a produção dos alimentos que são consumidos no país. Na tarde, cerca de 800 manifestantes seguiram em marcha até a sede do governo do estado. Eles exigiram o reassentamento imediato de todas as famílias atingidas pela barragem de Acauã, construída para acumulação de água e que provocou o deslocamento de aproximadamente 4.500 pessoas. Desde 2002, quando do fechamento do lago, as águas atingiram as zonas rurais inundando completamente diversos povoados.

São Paulo: cerca de 600 trabalhadoras rurais da Via Campesina realizaram a ocupação de uma área da Cosan, no município de Barra Bonita. O grupo Cosan explora uma área duas vezes maior que o total de hectares destinados para a Reforma Agrária no Estado de São Paulo: 605 mil hectares pelo grupo, contra apenas 300 mil para as 15 mil famílias em assentamentos estaduais e federais. A unidade em Barra Bonita é a maior usina de açúcar e etanol do mundo em capacidade de moagem de cana, ou seja, é um símbolo do setor sucroalcooleiro.

Rio Grande do Sul: 700 mulheres ocuparam a Fazenda Ana Paula, de propriedade da Votorantim Celulose e Papel e cortaram parte do eucalipto plantado na área. Depois de especular contra a moeda brasileira e ter prejuízos com a crise financeira, a VCP recebeu R$ 6,6 bilhões do governo brasileiro para adquirir a Aracruz Celulose, através da compra de metade da carteira do Banco Votorantim e de um empréstimo do BNDES. O custo da compra foi de R$5,6 bilhões.

Paraná: 1.000 trabalhadoras fizeram uma marcha pelo centro de Porecatu, no Norte do estado. A manifestação começou pela manhã, saindo do Centro Comunitário da Prefeitura até a praça central, onde foi realizada uma celebração com a partilha de alimentos da agricultura camponesa. Durante a caminhada as mulheres denunciaram o modelo do agronegócio, a produção dos monocultivos (da cana de açúcar, soja, eucalipto, pinus, entre outros) e as transnacionais, que destroem a biodiversidade, a cultura camponesa e inviabilizam a Reforma Agrária.

Santa Catarina: a mobilização aconteceu em três grandes Regiões do Estado: Chapecó, Curitibanos e São Miguel do Oeste. Cerca de 1500 mulheres da Via Campesina e de Movimentos Urbanos realizaram passeatas e atos públicos em frente ao Banco do Brasil, denunciando os investimentos do dinheiro público aos grandes grupos econômicos como é o caso da Aracruz e a Votorantim. Elas mobilizaram-se também em frente às Secretarias de Desenvolvimento Regional do Estado.

Espírito Santo: cerca de 1300 mulheres ocuparam o Portocel, porto de exportações da empresa Aracruz Celulose localizado no município de Aracruz, para denunciar o repasse de recursos públicos do Estado para a empresa. As mulheres entraram no porto, fizeram um ato destruindo a produção de eucalipto, e saíram da área. A Aracruz se apropria de recursos públicos, mas não gera empregos, destrói o meio ambiente e não contribui para o desenvolvimento nacional.

Rondônia: cerca de 100 mulheres realizaram de 06 a 08, um seminário com as mulheres camponesas sobre a Lei Maria da Penha. Em seguida realizaram uma caminhada pelas ruas da cidade, lembrando a luta de Margarida Alves, Irmã Doroty, Padre Ezequiel, pela terra, por reforma agrária e pelo direito dos/as trabalhadores/as do campo e da cidade.

Pará: as mulheres camponesas do estado do Pará realizaram no dia 08, estudo e debate sobre as alternativas de combate à violência praticada contra mulher, em especial, a importância da Lei Maria da Penha. Foi tema também desse encontro a agricultura camponesa e a produção de alimentos saudáveis em contraponto ao plantio de alimentos transgênicos. Participaram do encontro cerca de 250 mulheres do MMC/PA e demais movimentos sociais da Via Campesina. O mesmo aconteceu no município de Tucuruí e reuniu mulheres de outros dois municípios: Baião e Acajá.

Maranhão: Em uma ação política de protesto, as Mulheres da Via Campesina queimaram uma produção de toras de eucalipto na fazenda da Vale, em Açailândia. O eucalipto plantado na área da Vale é destinado exclusivamente para abastecer uma carvoaria, grande responsável pela poluição do ar da região e pela agressão à saúde dos habitantes dos arredor. A mesma carvoaria foi motivo de outro protesto ocorrido em março de 2008. A Vale tem mais 200 mil hectares de terras na região e destinará esta propriedade conhecida como Fazenda Monte Líbano para a empresa Suzano Papel e Celulose, que se instalará na região recebendo outros 35 mil hectares de eucalipto.

Pernambuco: Cerca de 200 camponesas realizam uma manifestação na Usina Cruangi, em Aliança, Zona da Mata Norte de Pernambuco. Em Petrolina, as camponesas da Via Campesina fizeram um ato contra o avanço do agronegócio na região, promovido pelos grandes projetos de irrigação do Rio São Francisco. Elas protestam contra o monocultivo da cana e o trabalho escravo no estado. Em fevereiro deste ano, uma operação do Grupo Móvel de Fiscalização resgatou 252 trabalhadores rurais em terras da Usina. O setor sucroalcooleiro foi o ramo da economia que mais se utilizou da mão-de-obra escrava no ano de 2008.

Acre: cerca de 100 mulheres da Via Campesina realizaram estudo no dia 08 e continuarão as atividades durante os próximos dias, denunciando a violência praticada contra as mulheres.

Roraima: foi realizada uma atividade no dia 04, na Universidade de Baliza, sobre a Lei Maria da Penha.

Bahia: em Brumado, cerca de 80 mulheres da Via Campesina, realizaram estudo e debate com caminhada de denúncia da violência.

As atividades correspondentes a Jornada Nacional de Luta das Mulheres continuarão durante esta semana.


Fonte: www.mabnacional.org.br

Nenhum comentário: