DOM JOSÉ MARIA PIRES E A CONSCIÊNCIA NEGRA


“(...)Pretos, meus irmãos! Como nossos antepassa­dos, viemos de vários lugares. Diferentes deles e menos puros do que eles trazemos na pele colorações variadas. Na alma, crenças diferentes. Mas neles e em nós estão presentes e são indelé­veis as marcas da negritude. Somos negros e não nos envergonhamos, não queremos mais nos envergonhar de sê-lo.”

“Brancos, nossos amigos! Conosco vos reunis. Descendentes embora dos que nos humilharam e torturaram nossa raça, viestes hoje nos aplaudir. Não sendo negros, vos mostrais solidários com nossa causa e não quereis ver prolongadas em nós as conseqüências nefastas da escravidão que oprimiu nossos avós.”

“(...) Mais longa que a escravidão do Egito, mais dura do que o cativeiro da Babilônia foi a escravidão do negro no Brasil. (...) Houvesse a Igreja da época marcado presença mais na Senzala do que na Casa Grande, mais nos Quilombos do que nas Cortes, outros teriam sido os rumos da His­tória do Brasil. Desde os seus primórdios, outra teria sido a contribuição do negro ao desenvol­vimento porque, mesmo desenraizado de seu povo e de sua terra, mesmo reduzido ao cativeiro (...), conservou em si forças de aglutinação e de pre­servação de seus valores originais (...)”.


(Trechos da Homilia na 1ª Missa dos Quilombos – Recife – PE – 1981)

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